Por André Lenz
Por onde será
que andam os pequenos gestos? Olhares apenas, sorrisos, formas inusitadas de
expressar sem dizer nenhuma palavra. Aquele friozinho na barriga ou aquele
olhar de cantinho quase totalmente escondido por aquela mecha de cabelo. Uma
mordida de leve nos lábios tentando imaginar o gostinho ou apenas o toque
acidental de duas mãos que se tivessem coragem não se soltariam e chegariam a
suar de tanto calor.
Palavras,
apenas palavras, palavras que mentem, palavras que, às vezes dizem a verdade,
palavras feitas, inventadas em meio a frases quase que ensaiadas e usadas
repetitivamente sempre na busca de algo para si. Procuro pequenos gestos e me
sinto envergonhado em ver a banalização daquilo que deveria ser algo sublime e
carinhoso cheio de magia e quem sabe até fogos de artifício.
Braços que
puxam à força, expressões de puro ápice hormonal entorpecidas com álcool banalizando
algo maravilhoso e cheio de graça chamado mulher. Formas tão singelas, tão
únicas em sua beleza trazendo à tona sua característica toda especial,
amadurecida com o passar dos anos sendo vistas como material de caça, como
objeto quase sem valor.
Por onde será
que andam os pequenos gestos? Será que alguém se sente pleno usando todo seu
poder de conquista para ter apenas um momento? Pobres almas perdidas em um
labirinto enganoso de quantidade quando o mais importante deveria ser a
qualidade.
Momentos estes
atropelados e esquecidos é que dão sentido à vida. Que a fazem cada dia ser
mais doce e alegre e que tornam um instante em alguma coisa única. Procuro por
pequenos gestos, procuro a todo instante e quase chego a desistir assoprando a
pequena chama que ainda queima unida com minha esperança.
Tornei-me um
caçador. Sim, mas não um caçador do sexo oposto, mas um caçador de pequenos
gestos, a fim de tentar fazer a diferença com meu sorriso mesmo na tristeza,
para que aonde eu for todos possam olhar e acreditar que pequenos gestos ainda
existem em algum lugarzinho escondido, e que se procurarmos com afinco
encontraremos muito mais perto do que imaginamos…
Dentro de nós
mesmos.
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