Quantas
vezes ela dedicou o seu dia a cuidar da beleza. Cuidava dos cabelos (aqueles
cabelos longos e negros como de uma índia), deixando-os macios e brilhantes,
provocando a admiração de muitos. Sua pele também era bonita, cor de jambo, sem
manchas, sem espinhas. Seu corpo era bem esculpido, suas formas e contornos
davam inveja. Tudo nela era bem sincronizado, sua aparência jamais revelaria a
idade que tinha.
Diante
de tudo isso muitas vezes chegava a comparar-se com as menos favorecidas de
beleza e em alguns casos chegava a invejá-las. Pareciam tão felizes ao lado de
seus companheiros. Sim, elas tinham alguém do lado, marido, namorado...
E
ela, o que tinha?
Parecia
enfeitiçada por uma maldição. Tão bela, tão desejada e ao mesmo tempo tão triste
e solitária.
Quantas
vezes cuidou-se tão bem. Corpo, cabelo, roupa, sapato, sem falar no perfume que
é a marca de toda mulher. Era uma mulher cheirosa.
Quantas
vezes produziu-se para alguém esperando o elogio certo, a noite
perfeita...
Quantas
vezes a bela imagem refletida no espelho embaçou diante de olhos que nunca
souberam apreciar a sua beleza.
Quantas
vezes sua maquiagem bem feita pareceu escorrer como cera junto ao fogo, por
causa da grosseria e insensibilidade daquele a quem ela se
dedicou.
Quantas
vezes saiu de casa sentindo-se uma princesa, mas ao retornar, sentia-se
arrasada, frustrada, humilhada e apavorada como uma gata borralheira...
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