Por André Lenz
Uma vez dormi,
dormi embalado por anjos. A brisa do mar estava suavemente acariciando meu
rosto enquanto a rede balançava devagar como uma mãe a embalar o sono de uma
criança, mas no meu caso era um Pai.
A lua cheia e
brilhante se sobressaía entre cada uma das estrelas que coloriam o céu e o
tornavam majestoso. Uma noite linda, calma, tranquila. Aos poucos fui
adormecendo em meus próprios pensamentos e sonhos. E então vi uma luz linda,
brilhante que tomava conta de meu sonho.
Sua voz era
tão doce e leve que me trouxe uma paz tão grande, que senti como se levitasse
ou como se tivesse parado o mundo ao meu redor. No sonho, sentamos e
conversamos a respeito da vida, a respeito de tudo. E quando acordei senti a
melhor sensação do mundo. Meu coração se encheu de um amor intenso que mal
podia conter. Mas acordei cedo demais. Precisava receber uma última resposta, fazer
uma última pergunta e agora teria que viver uma vida inteira para descobrir
aquela resposta.
Então saí no
mundo distribuindo amor, pedacinho por pedacinho pra cada um que passava em meu
caminho. Minha felicidade estava escondida em fazer os outros felizes. Muito
mais no dar do que no receber. Muito mais em fazer sorrir do que receber
sorrisos. E assim fui caminhando…
Em troca
aprendi a lidar com a dor e me tornei um ser forte quase que inabalável, pois
eu precisava ser o suporte de todos que passavam por mim. Aprendi a suportar
tudo e a entender a todos de uma tal forma que, às vezes, parecia que eu os
conhecia mais do que eles próprios. E com isso eu lhes mostrava o caminho
certo.
Sempre soube
quando dar um abraço, quando dar um beijo, quando colocar alguém no colo e
fazer um cafuné. Quando dar a mão ou derrubar alguém para que aprendesse a
levantar com as próprias pernas. Tornei-me uma fonte de carinho, de amor, de
entendimento e de confiança.
Ensinei, mas
também aprendi com cada um e assim minha vida foi passando… Foi então que
percebi que terminei minha jornada sozinho. Passei pela vida e pra muitos
deixei um pedacinho de amor, mas no final das contas ninguém preencheu meu
coração.
Então entendi,
mais do que nunca, a missão que recebi naquela noite e vi que tudo aquilo era
algo muito especial. Notei que a minha maior recompensa era ver que cada pessoa
que passava em meu caminho levava um pedacinho de mim no coração e que na
verdade eu não pertencia a uma pessoa somente, mas que pertencia a muitas.
Agora no fim
da minha jornada vi que não era amado por uma pessoa só como tanto quis na
vida. Vi que não tinha um amor verdadeiro, mas que tinha muitos e que fui amado
por todos. Então no último suspiro de vida, recebi a resposta da minha última
pergunta. Foi ali que, em meus pensamentos e memórias, senti a mais intensa
felicidade e mais linda compreensão de amor.
Eu descobri
que eu era um anjo!
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