...se
ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões – e a gente
sabe como as desilusões devastam - , terá que ser meio doida. Se
preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a
santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso,
preciso? Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma
única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de
cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela caríssimos, nem ela.
Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas
relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá
que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que
passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma
gaveta e nem lembra mais. Toda mulher é doida. Impossível não ser. A
gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que,
sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e
dá-lhe
usar nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será
inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos
deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é
mesmo? Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você
conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações:
exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada,
delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos. Todas as
mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que
tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a
Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para
ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma
mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que
não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de
pedra.
Martha Medeiros
(texto abreviado)
(texto abreviado)
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