A assistente administrativa Valdirene Veiga, de 21 anos, por exemplo, sempre achou levantar a bandeira contra o casamento era coisa de adolescente moderninha. Hoje percebe que a razão é outra. "Quero minha estabilidade e uma carreira. Quero ser independente e, aí sim, pensar em casar". Ela acredita que as mulheres ainda sonham com o altar, mas que há dificuldade em encontrar o parceiro ideal. "Hoje as relações estão mais superficiais. Um dia mora junto, no outro separa", analisa.
Dayani Menini, 27 anos, também é do time das que querem casar sim, obrigada, mas não agora. Esteticista, ela busca estabilidade - e com ela, o direito de ir e vir. "Só assim posso ter mais liberdade. Casamento e filhos prendem", pondera. Não que ela não pense em formar família, ter pimpolhos. "Quero, mas apenas depois de realizada profissionalmente", assume.
Quanto ao casamento, Dayani imagina que as mulheres ainda sonham com o grande dia. Mas que, hoje, tem mais consciência da volatilidade das relações. "Os filhos ficam, mas marido você pode trocar quantas vezes achar necessário", diz. "A maioria das mulheres, em sua maioria são românticas, não tem como fugir. Mas casamento não é um conto de fadas. Como os tempos mudaram, ele deixou de ser uma necessidade".
Com as estatísticas de casamento se rebatem as de divórcio entre os jovens. Em 2008, pela primeira vez, o número de uniões desfeitas decolou - muito por conta da facilidade do recurso legal; mas um pouco também pela liberdade conquistada pelas famílias, que podem se desfazer sem o olho amargo da sociedade. Enquanto em 1967, menos de 6 mil desquites foram lavrados, hoje 1,75% da população de 15 anos ou mais já tirou as alianças.
É o caso da técnica de enfermagem Beatriz da Silva Wisnieski, de 31 anos. Hoje, mesmo separada, não desdenha a história que viveu. Segundo ela, teve um ótimo marido, mas a relação não deu certo porque não estava pronta para constituir família, levar a sério um casamento, queria mais! "Todo mundo sonha com o grande dia, acha que vai durar a vida toda. E, não fossem pelas diferenças que encontramos no caminho, que destroem os sonhos em comum, talvez até durasse mesmo".
Assim como ela, a assessora de imprensa Lilian Cardoso, 26 anos, também se casou jovem, depois de um namoro de 5 anos, e ficou apenas seis meses na relação. O encanto acabou quando as ambições formaram um abismo entre os dois. Ela queria mais, tinha os olhos voltados à carreira e casamento não vingou. Agora, depois de dois anos separada, Lilian está noiva novamente. "Acredito que, para ser feliz, conta muito que os desejos dos casais sejam comuns, para que não haja conflitos ou uma falsa felicidade", avalia.
Ela admite que a prioridade ainda seja a estabilidade financeira, antes até do casamento. Mas acha perfeitamente possível conciliar as duas coisas. "Decidimos morar juntos, perto do trabalho, e montei minha agência numa sala no mesmo prédio que ele trabalha. Nestes cinco meses, posso dizer que encontramos harmonia entre estudo, trabalho e namoro", garante.
Por Sabrina Passos (MBPress)
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