domingo, novembro 01, 2009

Dinheiro na mão e o vendaval

 

E aqui estava eu, melancolicamente pensando no número cada vez crescente de amigos ou conhecidos para quem a fé deixou de fazer qualquer sentido. Contemporâneos meus, sentaram nos mesmos bancos, ouviram os mesmos sermões, cantaram as mesmas músicas e leram boa parte dos mesmos livros. Mais que isso, estiveram nas mesmas reuniões de estudo da Bíblia, nos mesmos retiros, respiraram a mesma atmosfera e acalentaram a mesma esperança. Mesmo assim, estão hoje todos distantes.

Os processos foram diferentes. Há aqueles que da noite para o dia deixaram de aparecer, simplesmente, e, quando procurados, confessaram que a hipótese Deus deixou de lhes parecer plausível. Há outros para quem o processo de afastamento foi longo e arrastado, começou com aquele cansaço na hora de levantar para ir à igreja e terminou com uma quase que completa incompatibilidade com o estilo de vida e os valores da vida antiga. Há alguns para quem o ponto de virada foi um relacionamento amoroso e há os que, geralmente por um gatilho relacionamental (ou seja, por alguma frustração ou desencontro com pessoas da igreja), começaram questionando um pontinho doutrinário aqui, viram que a nova visão levava a um outro ali e por fim acabaram notando que absolutamente não se encaixavam mais na igreja.

As histórias são diferentes, mas de um modo geral há outro denominador comum, que é o dinheiro. São jovens bem sucedidos, introduzidos em ambientes sofisticados, expostos a ideologias fascinantes e convidados a viver experiências sensacionais com pessoas igualmente atraentes.

Vivemos dias felizes em termos econômicos. São os primeiros que eu me lembro de haver vivido, já que nasci no começo dos anos 70 e passei quase toda minha vida de crise em crise. A impressão que tenho é que esse caldeirão de fé que é o Brasil pode deixar de ser conforme o dinheiro for ingressando e a qualidade de vida das pessoas for-se incrementando. Não somos o caso raro dos EUA que conseguiu fazer as duas coisas (prosperidade e fé) coexistirem sem grandes desvantagens para a religião... Pensando, portanto, nos amigos de quem sinto muita falta por perto, nessa tristeza de ver que dentro deles uma coisa muito forte (uma coisa que determina a pessoa que sou) se quebrou, tive um certo receio dos tempos que virão.

Jesus Cristo está na essência do que sou. Eu quero crescer e aprender mas não quero me desfigurar porque essa essência foi que garantiu minha sanidade, a paz de espírito, a esperança e a alegria que gozei até aqui. Sei que estou em risco, contudo, e que minha família e meus amigos também estão. O segredo é confiar e eu vou fazer isso e quero que você venha junto.


Marco Aurelio Brasil, 30/10/09

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