domingo, março 10, 2013

Cada Dia

Por André Lenz

Levanto agora deste sono aturdido, uma insônia incômoda que não me deixa dormir e me faz a cada momento lembrar de não ter, não possuir e apenas querer. Um passo maior talvez que eu possa dar e não esteja preparado a arriscar, um sentimento incontrolável que a todo o momento busco apenas erradicar do meu ser. Uma dor.
Enquanto penso dominar meus profundos sentidos sinto a fraqueza que ser um só me traz e que me atormenta nos meus maiores medos antes esquecidos e talvez curados, mas que trazem a dor de cicatrizar feridas tão abertas e mal curadas que aparentemente se escondem na mais profunda alma.
Inteiro e ao mesmo tempo tão despedaçado, tão relutante em ouvir a voz da emoção, pois há muito a razão dominou todo o meu ser e me fez forte em pensar em mim mesmo e esquecer que o mundo lá fora gira numa velocidade que eu não posso controlar. Mas preciso me equilibrar para me manter de pé, sozinho, porque a meu ver ninguém mais o faria.
Louco de vontade de abrir o coração, deixar estranhos sentidos inundarem todo meu corpo por locais que eu nem mesmo sabia que poderiam ser preenchidos, por emoções que eu nem mesmo julgava existir. Mas luto contra a razão do meu próprio ser, uma luta sempre ganha em minha imaginação, mas tão perdida que me deixa cego e não me permite encontrar a paz que tanto busco e tanto anseio.
Agora tenho a esperança de que tudo possa dar certo, que tudo possa ser guiado pela mão Divina que nem por um minuto sequer desejou meu mal e sim, me deu liberdade para em todo momento prejudicar a mim mesmo e encontrar nas minhas escolhas o caminho para o final feliz, moldar meu caráter e me preparar para algo maior, melhor e último.
Nunca dantes havia sentido nesta intensidade o desejo de ter pelo resto da vida um porto seguro, um destino, onde pudesse depositar todo meu passado e construir um futuro de verdade e sinceridade plena, tendo o respeito como o maior juiz dos sentimentos. Poder encostar a cabeça no travesseiro e saber que ao raiar o dia posso simplesmente olhar para o lado e contemplar uma beleza pura como um botão de rosa ao desabrochar.
Então, do primeiro de cada início, com a maior força invocada, poderei abrir como num sussurro meus lábios bem devagar e quem sabe com o tempo, com o sentimento perdido outrora aflito, eu possa gritar ao mundo inteiro o que sinto e assim terminar dizendo o nome de minha amada…

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