Nascemos, vivemos e morremos sozinhos –
ainda que acompanhados, com apoio e a presença de pessoas queridas a
nossa volta. Tomamos constantemente decisões que gostaríamos que os
outros fizessem em nosso lugar, no entanto, estamos sendo chamados a
cada minuto a seguir por uma ou outra direção.
Muitas pessoas têm verdadeiro pânico de
ter consciência dessa solidão fundamental da existência humana e, para
fugir da angústia decorrente desse cenário, recorrem ao relacionamento
amoroso. O parceiro se torna, então, uma ferramenta (ainda que
inconsciente) de distanciamento dessa sensação de individualidade. Com o
tempo de relacionamento, vocês passam a criar uma mistura sem fim e uma
perda gradual da sensação de eu e do outro. Esses são os casais grudes.
Ouvi de uma mulher falar sobre seu
marido: “quando ele não me olha ou me elogia eu sinto que eu não existo,
definitivamente não consigo viver só”. Parece exagero, mas muita gente
vive esse problema em diferentes níveis. Para saber se você é uma delas,
segue uma lista de sintomas de que você anda abrindo mão da sua
individualidade para viver uma realidade em casal:
1. Você necessita saber passo-a-passo onde o outro está.
2. Você morre de aflição a cada torpedo, e-mail ou mensagem no Facebook, Twitter ou Whatsapp não respondida.
3. Pra você, compartilhar senha de e-mail e Facebook é algo totalmente normal.
4. Sempre que estão distantes, você se sente sem um pedaço.
5. Se o outro não está 100% do tempo ao seu lado, você usa de chantagem emocional para trazê-lo para perto.
6. Você morre de ciúmes dos amigos/amigas dele(a).
7. Vocês acham lindo dividir tudo. Se pudessem fariam até mesmo as necessidades na mesma hora.
8. Vocês usam a mesma conta bancária pra aproveitar e dar uma controlada nos passos um do outro.
9. Sempre que possível, você puxa um
assunto com amigos/familiares pra dar uma pesquisada em possíveis
detalhes omitidos por ele(a).
10. Você faz de tudo para manter a sua vida “preservada” dos outros.
11. Qualquer sensação ou pessoa que ameace ou tenha chance de se “intrometer” entre os dois é combatida a todo custo.
12. Com o tempo parece que vocês gostam ainda mais das mesmas músicas, roupas e atividades.
13. Vocês evitam a todo custo discordar,
não conseguem se comunicar quando isso acontece, camuflam o desconforto
com brincadeirinhas e jogam o assunto pra debaixo do tapete.
14. Com o tempo um deles (ou os dois) se
percebe irreconhecível, até fora do peso, descuidado, nutrindo a crença
de amor incondicional do outro.
15. Qualquer mera perspectiva de não ter o outro num futuro cria uma angústia sem fim, regada por choros e crises.
16. Vocês tem uma sensação de sintonia
tão grande, quase telepática, que quase não se questionam sobre o que o
outro realmente pensa ou sente.
17. Sempre que podem, vocês tentam repetir rotinas de dias bons para que nada os surpreenda.
18. Vocês evitam qualquer tipo de opinião externa de amigos, conselheiros, líderes religiosos, psicólogos, médicos.
19. Se o relacionamento chega ao fim, o
tempo de recuperação pós-término é muito demorado. Vocês se veem
isolados do mundo e com extrema dificuldade de recomeçar, alguns até se
comprometem financeira ou profissionalmente por terem ficado afastados
do mercado.
20. Se terminam, mesmo sabendo que os dois se retaliavam, ainda assim ficam na dúvida se foi realmente a melhor decisão.
21. Têm certeza que, se o relacionamento acabar, não vão encontrar uma outra pessoa no mesmo nível.
É claro que apresentar um ou outro
sintoma não quer dizer que há um problema entre vocês, mas se você se
reconheceu em uma variedade de itens, o sinal de atenção deve ser
ligado. O fato é que pode parecer lindo e gostoso no começo, mas no meio
se torna silenciosamente perturbador e no fim (se há um fim),
desastroso para ambos que, ao serem separados, percebem que aquela fusão
doentia escondia um medo de encarar o pior de si mesmos. Infelizmente
muitas pessoas saem de um relacionamento assim para cometer os mesmos
enganos com outra pessoa. Há pessoas que são viciadas em relacionamentos
doentios e somente elas podem sair desse ciclo.
Por Frederico Mattos
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