quarta-feira, dezembro 24, 2008

Nem a Distancia Nos Separa

Eram 8:50 da noite e aquele distinto homem saía do elevador e entrava no saguão do Hotel Transamérica, um hotel distinto e luxuoso localizado numa região muito nobre de São Paulo. Ele olhou atentamente ao redor, procurando pôr alguém especial que estaria esperando pôr ele no bar do hotel.
Tudo começara há 4 anos atrás, na biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele estava no corredor folheando o mundo de Sofia quando sentiu algo cutucar sua perna. Virou-se , olhou para o chão e apanhou o livro que estava caído em cima de seu sapato. Olhou em todas as direções, e no final do corredor, à sua esquerda, viu um vulto de uma mulher que caminhava em direção à saída. Tentou alcançá-la, mas ao sair da biblioteca, perdeu-a de vista em meio à multidão que se formava ali na hora do intervalo.
Dirigiu-se à sua sala, sentou, abriu o livro e verificou que havia um nome e um endereço. Melissa, mas o endereço era de São Paulo, provavelmente ela era uma professora visitante ali, ou uma aluna que residisse em alguma republica... enfim, Luciano sentiu que deveria devolver o livro. Decidiu que iria procurá-la pela faculdade no próximo intervalo e lhe entregar o livro, mas não conseguiu!
A semana passou e ele ainda não tinha encontrado a mulher, então decidiu escrever uma carta para o endereço que ali estava. Ao abrir o livro novamente reparou que ali estavam diversas anotações. Ele leu atentamente. Acabou lendo o livro e mandou uma enorme carta com elogios ao sentimento daquelas anotações.
O mês se passou e Luciano ficou surpreso quando ao ver a correspondência constatou que havia recebido uma resposta de Melissa. Ela tinha ficado feliz porque alguém tinha achado seu livro, e que pela carta sabia que estava em boas mãos. A carta continuava, explorando um pouco mais o tema do livro e fazendo novas abordagens para seu crítico desconhecido, Luciano.
O tempo foi passando e a troca de correspondências se tornou algo constante; todo semana se escreviam e uma vez pôr mês se telefonavam para não ficar somente num monólogo.
Os anos se passaram e Luciano cada vez ficava mais admirado com a personalidade e o carisma de Melissa. Era algo muito forte e muito estranho... afinal era um sentimento por alguém que nunca tinha visto de frente! Ele estava apaixonado... Cada dia sentia mais vontade de encontrá-la, porém ela havia ido morar por dois anos na Inglaterra. Como vê-la?
As cartas continuaram, até que depois de 4 anos do incidente na biblioteca o encontro foi marcado. Ela enfim havia retornado de sua vigem da Inglaterra e viera para São Paulo, agora definitivamente. Luciano, agora já formado em direito veio para São Paulo e se hospedou no Hotel Transamérica, ansioso para vê-la.
Marcaram as nove da noite. Pelo telefone combinaram que ela estaria com uma rosa em seu casaco e ele deveria chegar junto a ela e convidá-la pra jantar.
Às 8:50 da noite ele entrou no elevador e desceu rumo ao saguão; olhou ao redor e com o coração disparado, dirigiu-se ao bar do hotel. Parou na porta e viu uma jovem de pé junto ao bar. Ela estava usando um longo vestido preto, muito sensual, com um enorme decote nas costas, o cabelo estava preso deixando seu pescoço descoberto. Ela virou-se , olhou para ele e deu um leve sorriso. Ele tinha certeza que era Melissa, quando ela se levantou, passou por ele e saiu do bar. Ao olhar para o lugar de onde ela havia saído, ele viu uma mulher de uns 40 anos com uma rosa vermelha.
E agora? Ele tinha acabado de ver uma mulher linda, pensando ser Melissa e de repente se depara com alguém pelo menos quinze anos mais velha? É verdade que eles nunca tinham conversado sobre a idade de cada um, mais será que sua paixão seria alguém mais velha?
Ele pensou em ir embora, em voltar pra casa e esquecer tudo aquilo, mas seu sentimento falou mais alto. Ele era profundamente apaixonado por aquela mulher, pelo caráter dela, pelo seu modo de encarar a vida e as pessoas, enfim, por tudo que ela representava...
Dirigiu-se a ela e como o combinado perguntou:
- Vamos jantar?
A mulher virou-se pra ele, entregou a rosa na mão dele e disse:
- Olhe, eu não sei bem o que está acontecendo, mas uma linda jovem de preto veio até mim e disse que se um jovem me convidasse para jantar era pra entregar-lhe este pape!
Luciano ,não conseguindo esconder a emoção, abriu o papel e leu:
“Estou te esperando na mesa 15 do restaurante do hotel”.
Melissa.”
Ele correu em direção ao restaurante com a rosa em sua mão e aproximou-se da mesa quinze. Ela olhou pra ele e disse:
-Ainda bem que você veio. Fiquei com medo que não viesse. Que bom que eu estava certa sobre você!
-Certa do que ? perguntou ele.
-Certa de que me apaixonei pelo homem certo!
A magia da noite se encarregou do resto e o livro que pertencia a ela, agora pertencia aos dois. Juntos!!

Nenhum comentário: