sábado, fevereiro 25, 2012

Casar de novo Depois da separação, vale a pena investir no casamento mais uma vez?


Por Ilana Ramos



O Dia dos Namorados é celebrado dia 14 de fevereiro, em grande parte do mundo. Uma das lendas diz que a data é em homenagem ao dia da morte de São Valentim, condenado pela defesa do amor e do casamento, mesmo em tempos de guerra. E assim como o santo, que acreditava no amor e no casamento como instituição divina, muitos casais investem em relações amorosas sem medo de errar. E não é porque da primeira vez não deu certo, que a segunda não pode ter um final feliz, mesmo depois dos 50.


Após uma separação, nem todo mundo consegue considerar a possibilidade de um "recasamento". De acordo com o psicólogo especializado na área do tratamento das dificuldades do relacionamento amoroso e autor do livro "A Arte da Paquera: inspirações à realização afetiva", Thiago de Almeida, "muitas coisas se perdem entre a separação e a consideração para uma nova situação familiar. Uma delas é o dinheiro. Outra é o tempo, investimento irrecuperável. As relações amorosas hoje estão muito fluidas e, especialmente, as mulheres não pensam em investir de novo em um casamento em tempos onde até a noção de vínculo foi relativizada".


Uma palavra muito usada na Física pode ser aplicada com sucesso nas questões do coração: resiliência. "Essa palavra representa a capacidade que um corpo tem de, após deformado, voltar ao seu estado original, como a mola, por exemplo. As pessoas têm essa mesma capacidade. Depois de uma decepção amorosa, existe a possibilidade dessas pessoas retornarem a um estado onde sejam, novamente, plenamente capazes de recomeçar. A dor da separação é bem semelhante à dor do luto e a superação requer uma atualização psicológica. Elas precisam de um tempo para se recuperar do trauma do fim e começar de novo. Pode durar seis meses, 15 anos, mas todos têm a tendência de voltar ao estado original", garante Thiago.


Já bastante conhecidas, as fases do luto – o que a pessoa sente quando recebe a notícia de morte – também podem ser aplicadas quando percebem o fim de uma relação, especialmente se tiver sido duradoura. Thiago explica que, no entanto, nem sempre as fases ocorrem alternadamente ou na ordem proposta. "Primeira fase: negação. A pessoa tenta acreditar que o fim é apenas uma fase, que as coisas já irão voltar ao normal. Segunda fase: raiva. Essa é a fase das brigas e atribuição de culpas. Telefonemas irados, fotos rasgadas. Terceira fase: barganha. A pessoa tenta fazer acordos para negociar a volta. Esses acordos podem ser feitos com o próprio ex, mas também com Deus e consigo mesma, através de promessas. Quarta fase: tristeza. É quando a pessoa cai na real e percebe que não haverá mais volta. Ela tende a ficar mais introspectiva, chorar. Quinta fase: aceitação. É a tal da fase da resiliência. Ela aceitou o fim e está pronta para recomeçar, partir para outra", ensina.


O último verso do poema Soneto da Fidelidade, de Vinícius de Moraes, "que seja eterno enquanto dure", não poderia retratar melhor os relacionamentos atuais. Thiago explica que "as pessoas tendem a pensar que não querem perder mais tempo em um novo relacionamento se o anterior 'não deu certo'. Mas relacionamentos não dão errado. Eles são sempre funcionais durante o tempo em que o casal esteve junto. O casamento é uma edificação que se constrói todos os dias, tijolo por tijolo. Se, por acaso, não tem mais tijolos para colocar, não necessariamente o que foi construído irá cair. Pode servir até de fundação para uma relação futura, onde os medos e as inseguranças do passado foram substituídas por uma maturidade emocional e as expectativas se tornaram mais realistas. Não se busca mais a 'outra metade' quando já estiver se sentindo completa", finaliza o psicólogo.

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