Por Daniel Oliveira
É a lei da natureza: toda criança
cresce, todo mundo morre um dia, toda torrada cai com a parte da geleia
virada para baixo e todo mundo passa pela crise de 3 meses de
relacionamento. Tudo bem, você pode ser um daqueles sortudos que acham
notas de R$ 50 no bolso da calça jeans e também não passa por isso.
Não agora. A crise dos 3 meses é tão esperta que consegue enganar até
os mais entendidos do assunto – como se fosse a morte da sequência de
“Premonição”. Uma hora ela vem atrás de você e você vai ter que
enfrentar a dura realidade de que nem tudo no seu relacionamento é
gostoso feito chocolate.
E quais são os sintomas? 3 meses é o
tempo necessário para um relacionamento “amadurecer”. Não é mais aquele
início em que trocar 98 mensagens por dia é considerado fofo, ou aquela
mania de tirar cravos e espinhas em público ainda não é considerada
nojenta e nem um pouco higiênica. Você já sabe o que gosta e o que não
gosta no outro e começa a perceber que a mania dela de fazer voz de bebê
é irritante. Ou que as críticas dele sobre cinema pastelão não passam
de uma tentativa cult de ser chato. Essas coisas começam a aparecer com
mais frequência e de forma mais clara. A necessidade de agradar o outro e
fazer ele te admirar já deixou de ser prioridade. As máscaras caem. Se
você quer esconder a cabeça no vaso sanitário pra não ter que ouvir a
voz dela quando chega do trabalho, ou não quer nem levantar da cama
quando ouve o telefone tocar com alguma ligação dele, é um sinal de
atenção.
Essa é a sua prova de fogo, jovem
iniciante. A fase do país das maravilhas já passou e tá na hora de ver
se você consegue enfrentar a rainha de copas – ou se corta ou perde a
cabeça como ela. Aquele papo de que vocês eram a metade da laranja do
outro é balela e você começou a ver que tá mais pra maçã e que ele(a) tá
mais pra abacaxi. É aquele velho ditado que você escuta quando consegue
passar no vestibular de medicina: passar é fácil, o problema é
manter-se dentro disso. Para chegar até o fim, é preciso querer demais e
atropelar as adversidades.
Tá. Beleza. Já deu tempo de você se
diagnosticar e ver que tá passando por essa crise – aos 3 meses ou aos 3
anos. Algumas vezes ela tarda, mas não falha. Não é bem que você não
o(a) ame ou algo do tipo, nem que a paixão tenha acabado, nem nada
disso. É só que você saiu do mundo dos contos de fadas e agora tá vendo
que a sua relação é feita de gente. E gente erra o tempo todo. E gente
(se) irrita o tempo todo. E gente perde a paciência o tempo todo por
qualquer coisa. A nossa sorte é que gente também pode e sabe conversar, e
dá pra resolver as coisas na base da paciência e do diálogo. Ou vai me
dizer que você se esqueceu de que uma relação é feita de ceder e dar o
braço a torcer pra ganho coletivo? Caso tenha se esquecido, volte 3
casas (ou 3 meses). E comece um novo relacionamento. Porque esse daí –
esse mesmo que você tá vivendo e parece estar desistindo – não vai
sobreviver à tal da crise.
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