sexta-feira, março 23, 2012

Rosas na mesa


Ela estava sentada na mesa ao lado, não estava sozinha, haviam mais 2 amigas tão altas quanto. Lógico que o salto alta ajudava na hora de ficar em pé, mas mesmo que estivesse com os pés no chão continuaria a ver o mundo de cima.
Corpo de aparência magra, bem vestida com uma blusinha verde e uma saia quase cor da pele, o sapato demonstrava o bom gosto que tinha, simples mas estonteante. O cabelo castanho escuro estava preso com um coque que deixava uns poucos fios soltos na parte de trás sensualmente sobre a nuca, sua pele branca parecia um veludo, não que tivesse tocado, mas era algo sinestésico.
Seu rosto fino e angelical volta e meia direcionava aquele olhar expressivo para a mesa dele, ela tentava disfarçar como se estivesse olhando a rua, mas isso era porque ele não tirava os olhos dela não permitindo que ela olhasse, isso porque mulher é sempre assim, quando a gente está olhando elas não olham, só olham quando não estamos vendo, então como vamos saber?
A conversa entre elas estava super animada, sorriam, se exaltavam, como toda rodinha feminina de quase final de semana, pra se libertar.
Por mais que ele fosse despachado e extrovertido, quando se trata de mulher as pernas tremem, a voz some e chegava a quase gaguejar de tão nervoso que ficava, querendo
se esconder no primeiro buraco que aparecece, sumir.
Mas a vida é assim, ou arriscamos ou podemos perder pra sempre, não pra sempre de eterno, mas daquele jeito exagerado que sempre idealizamos como se fosse o último, semi adolescente onde tudo parece eterno.
Foi nessa hora que passou a mão no telefone e fez o pedido, desesperado para que desse tempo, para que ela não fosse embora sem ao menos receber seu singelo ato de admiração.
Vinte minutos depois chega um entregador, encosta sua moto, olha ao redor e lê no bilhete as instruções anotadas, procura uma mesa com três mulheres e entrega um buquê de rosas vermelhas enorme.
Todas as atenções se dirigem a mesa, suas amigas não podem acreditar naquilo, como alguém poderia saber que ela estava ali? Quem teria mandado um presente tão delicado?
Ela procura um cartão e encontra amarrado por um laço dourado um envelope, dentro tem um telefone, ela pega o celular e liga.
Três mesas depois seu celular toca, ela olha para o lado achando engraçado a coincidência, mas quando ele diz alô o sorriso se abre junto com uma coloração levemente vermelha em suas bochechas.
Conversaram pelo celular olhando nos olhos um do outro, separados apenas por três mesas que prestam atenção em toda a conversa não acreditando em tudo que estavam vendo. Foi nessa hora que ele levantou, se dirigiu até a mesa das três meninas e sentou. Educadamente se apresentou e agora estava mais calmo, o gelo havia sido quebrado e sentia-se seguro com ato tão inusitado e surpreendente, tão seu.
Ouvia todas falarem mas só prestava atenção nela, seus olhos estavam hipnotizados por tão simples beleza, por tão singela inocência.
Ele levantou-se, despediu-se educadamente e foi embora, certo de que vai ligar no dia seguinte, certo de que tudo valeu a pena e de que não perdeu aquela chance única, certo de que ela vai atender e conversar por horas com ele, a única dúvida é se vai ser pra sempre, não do jeito adolescente que acredita que tudo é pra sempre, mas sim do jeito certo, do tipo de pra sempre que completa, que preenche o coração. Quem vai saber?

Por André Lenz

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