quinta-feira, maio 02, 2013

Amor é feito pra se viver hoje

Amor é feito pra se viver hoje
Infelizmente crescemos com algumas crenças limitantes que nos fazem acreditar em determinadas circunstâncias que não são necessariamente verdadeiras. No que se refere aos relacionamentos amorosos, existem muitas. As mais comuns são:

1) todos têm uma alma gêmea ou toda panela tem sua tampa (ou a outra metade da laranja);
2) quando a gente ama de verdade, a paixão nunca acaba;
3) só se ama uma vez na vida;
4) quem ama não briga.

Por conta de pensamentos engessados como esses e até de preconceitos que impedem de enxergar quem é o outro de verdade, muitas pessoas deixam de viver relacionamentos que poderiam ser maravilhosos. Ficam à espera de algum sinal ou certeza de que estão fazendo a escolha certa. Desistem de encontros que tinham tudo para dar certo só porque não correspondem aos seus conceitos pré-concebidos sobre o que seja amor.

Tenho visto ao longo dos últimos 15 anos muitas pessoas abrindo mão de possibilidades só porque nada de especial lhes indicou que o outro era a tão procurada alma gêmea. Outras ainda invalidam casamentos e desestruturam toda a família por insistirem em acreditar que a alma gêmea é aquela impossível, que gera angústia e se assemelha às histórias de contos de fadas – ou seja, que não existem!

Pra começar, é bom saber que a sua alma gêmea é esta pessoa que está com você agora. Neste momento ela tem uma alma que atraiu a sua e foi atraída por você. O conceito de almas gêmeas é relativo demais para servir como medida ou método de avaliação e escolha de um relacionamento. Mas de uma verdade eu sei: esta relação atual é a que tem de ser vivida agora, senão você simplesmente não estaria nela. Amor é feito pra se viver hoje, nunca amanhã!

E tem mais: paixão é a angústia da conquista, a aflição provocada por um desejo que grita para ser satisfeito. Tem a ver com o estopim do início, a ânsia por conhecer e reconhecer o outro a partir de nossas próprias expectativas. Felizmente passa. E quando acaba a gente cresce, aprende a olhar para o outro com olhos de realidade, de humanidade, acolhendo sua imperfeição e descobrindo que ainda assim – nem tão príncipe, nem tão princesa – o desejo permanece e até cresce.

Deus nos livre de amar apenas uma vez! Quanta economia, quanta escassez de amor. A gente ama quando criança, quando adolescente, quando adulto. Amar é exercício diário (e que bom que assim é!). Poder se reencontrar nessa capacidade de recomeçar e de apostar de novo e de querer ser melhor amante e melhor par. O importante é reinventar o amor à medida que mais maduros nos tornamos, sem que isso signifique ter de pular de galho em galho.

E sem essa de que quem ama não briga. Concordo que quem ama evita ofensas, está atento ao respeito e à confiança, mas as pessoas se desentendem. E duas pessoas convivendo certamente terão de se ajustar. A questão não é querer, ver e pensar o mundo de modo diferente um do outro, mas quanto cada um se abre para incluir essas diferenças, lidar com elas e encontrar um jeito de caminharem juntos, apesar delas.

Outro dia, um leitor me disse que “amor é o que sobra depois que o amor acaba”. É isso: quando as crenças limitantes são desconstruídas, quando as máscaras podem ser tiradas e quando você realmente se coloca, aí sim, o amor desejado acabou e começou o real. É esse que nos faz feliz!

Por Dra Rosana Braga

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