1) todos têm uma alma gêmea ou toda panela tem sua tampa (ou a outra metade da laranja);
2) quando a gente ama de verdade, a paixão nunca acaba;
3) só se ama uma vez na vida;
4) quem ama não briga.
Por conta de pensamentos engessados como esses e até de preconceitos que impedem de enxergar quem é o outro de verdade, muitas pessoas deixam de viver relacionamentos que poderiam ser maravilhosos. Ficam à espera de algum sinal ou certeza de que estão fazendo a escolha certa. Desistem de encontros que tinham tudo para dar certo só porque não correspondem aos seus conceitos pré-concebidos sobre o que seja amor.
Tenho visto ao longo dos últimos 15 anos muitas pessoas abrindo mão de possibilidades só porque nada de especial lhes indicou que o outro era a tão procurada alma gêmea. Outras ainda invalidam casamentos e desestruturam toda a família por insistirem em acreditar que a alma gêmea é aquela impossível, que gera angústia e se assemelha às histórias de contos de fadas – ou seja, que não existem!
Pra começar, é bom saber que a sua alma gêmea é esta pessoa que está com você agora. Neste momento ela tem uma alma que atraiu a sua e foi atraída por você. O conceito de almas gêmeas é relativo demais para servir como medida ou método de avaliação e escolha de um relacionamento. Mas de uma verdade eu sei: esta relação atual é a que tem de ser vivida agora, senão você simplesmente não estaria nela. Amor é feito pra se viver hoje, nunca amanhã!
E tem mais: paixão é a angústia da conquista, a aflição provocada por um desejo que grita para ser satisfeito. Tem a ver com o estopim do início, a ânsia por conhecer e reconhecer o outro a partir de nossas próprias expectativas. Felizmente passa. E quando acaba a gente cresce, aprende a olhar para o outro com olhos de realidade, de humanidade, acolhendo sua imperfeição e descobrindo que ainda assim – nem tão príncipe, nem tão princesa – o desejo permanece e até cresce.
Deus nos livre de amar apenas uma vez! Quanta economia, quanta escassez de amor. A gente ama quando criança, quando adolescente, quando adulto. Amar é exercício diário (e que bom que assim é!). Poder se reencontrar nessa capacidade de recomeçar e de apostar de novo e de querer ser melhor amante e melhor par. O importante é reinventar o amor à medida que mais maduros nos tornamos, sem que isso signifique ter de pular de galho em galho.
E sem essa de que quem ama não briga. Concordo que quem ama evita ofensas, está atento ao respeito e à confiança, mas as pessoas se desentendem. E duas pessoas convivendo certamente terão de se ajustar. A questão não é querer, ver e pensar o mundo de modo diferente um do outro, mas quanto cada um se abre para incluir essas diferenças, lidar com elas e encontrar um jeito de caminharem juntos, apesar delas.
Outro dia, um leitor me disse que “amor é o que sobra depois que o amor acaba”. É isso: quando as crenças limitantes são desconstruídas, quando as máscaras podem ser tiradas e quando você realmente se coloca, aí sim, o amor desejado acabou e começou o real. É esse que nos faz feliz!
Por Dra Rosana Braga
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