terça-feira, julho 25, 2006

A Morte é Uma Piada

Não estou conseguindo colocar a foto, então deixa pra próxima, por enquanto vou colocar um textinho show d bola q recebi do meu amigo Alemão, q inclusive diz sobre um momento atual, o Bini amigo nosso q veio a falecer no final d semana e foi enterrado ontem, pois é, a unica certeza da vida é a morte!!!!!!!

A morte é uma piada.

Assisti a algumas imagens do velório do
Bussunda, quando os colegas do Casseta &
Planeta deram seus depoimentos. Parecia que
a qualquer instante iria estourar uma
piada. Estava tudo sério demais, faltava a
esculhambação, a zombaria, a
desestruturação da cena. Mas nada acontecia
ali de risível, era só dor e perplexidade,
que é mesmo o que a morte causa em todos os
que ficam. A verdade é que não havia nada a
acrescentar no roteiro: a morte, por si só,
é uma piada pronta. Morrer é ridículo.

Você combinou de jantar com a namorada,
está em pleno tratamento dentário, tem
planos pra semana que vem, precisa
autenticar um documento em cartório,
colocar gasolina no carro e no meio da
tarde morre. Como assim? E os e-mails que
você ainda não abriu, o livro que ficou
pela metade, o telefonema que você prometeu
dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer.
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua
vida dentro de um colégio estudando
fórmulas químicas que não serviriam pra
nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi
em frente. Praticou muita educação física,
quase perdeu o fôlego, mas não desistiu.
Passou madrugadas sem dormir para estudar
pro vestibular mesmo sem ter certeza do que
gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas
quanto à profissão escolhida, mas era hora
de decidir, então decidiu, e mais uma vez
foi em frente.

De uma hora pra outra, tudo isso termina
numa colisão na freeway, numa artéria
entupida, num disparo feito por um
delinqüente que gostou do seu tênis. Qual
é? Morrer é um chiste. Obriga você a sair
no melhor da festa sem se despedir de
ninguém, sem ter dançado com a garota mais
linda, sem ter tido tempo de ouvir outra
vez sua música preferida. Você deixou em
casa suas camisas penduradas nos cabides,
sua toalha úmida no varal, e penduradas
também algumas contas. Os outros vão ser
obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer
nas suas gavetas, a apagar as pistas que
você deixou durante uma vida inteira. Logo
você, que sempre dizia: das minhas coisas
cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar
café e talvez não almoce, caminha por uma
rua e talvez não chegue na próxima esquina,
começa a falar e talvez não conclua o que
pretende dizer. Não faz exames médicos,
fuma dois maços por dia, bebe de tudo,
curte costelas gordas e mulheres magras e
morre num sábado de manhã. Se faz check-up
regulares e não tem vícios, morre do mesmo
jeito. Isso é para ser levado a sério?

Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o
sono eterno pode ser bem-vindo.

Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não
acompanha a mente, e a mente também já
rateia, sem falar que há quase nada
guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar
em paz. Mas antes de viver tudo, antes de
viver até a rapa? Não se faz.

Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a
ordem natural das coisas. morrer é um
exagero. E, como se sabe, o exagero é a
matéria-prima das piadas.

Só que esta não tem graça.


Pedro Bial.

Um comentário:

Anônimo disse...

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