sexta-feira, agosto 18, 2006

O Quarto

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Por André Lenz

Ela está na cama sentada olhando em direção a parede, tentando esconder as lágrimas que correm em sua face, lágrimas sinceras de um sentimento sincero e não correspondido.
A janela está aberta mas uma negra cortina a cobre e só deixa os raios de sol entrar uma vez ou outra quando o vento sopra uma brisa gelada fraca.
Ele sentado na pequena poltrona colocada do lado da porta fica olhando o sobe e desce suave da cortina, olhos fixos para não deixar as lágrimas escaparem.
Está pensando no que realmente importa, no que ele está sentindo dentro da sua alma naquele instante, pensando em todo os momentos de felicidade que viveu do lado aquele ser tão meigo, mas as vezes tão má e tão dominadora.
Na balança da vida ele tenta equilibrar os bons e os maus momentos numa tentativa de realmente descobrir quais são as suas prioridades, quais são as suas necessidades, o que ele realmente quer.
Ela levanta e vai ao banheiro enxugar suas lágrimas, olha no espelho e vê seu rosto marcado pela dor, pelo aperto naquele coração tão incompreendido.
Então ela passa por ele mas não procura seus olhos, caminha direto em direção a janela, abre a cortina e deixa a luz do fim de tarde entrar naquele quarto.
Ele olha aquele ser ali parado, lembra então do fim de semana na cabana com a luz da lareira e o chocolate quente na cama, lembra do tapa que levou por receber um sorriso maroto de outra mulher, lembra de receber café na cama e uma massagem em todo o seu corpo com óleo de menta.
Ela tenta olhar adiante mas não consegue, ela sente medo de perde-lo, sente medo de que ele se vá e nunca mais volte, sente medo de que sua vida acabe sem aquele homem, ele é tudo, ele é nada, o meu tudo, o meu amor.
Ele se levanta e vai em direção do armário, pega uma mala e coloca na cama. Abre as gavetas e começa a colocar suas roupas na mala, então uma foto entre as roupas cai no chão.
A foto da primeira vez, a foto do primeiro dia, a foto onde tudo começou, apenas uma foto.
Suas mãos já meio trêmulas ajuntam aquela foto caída, ele para... então olha para a foto e pensa, pensa que tudo pode ser diferente, que tudo pode mudar, que ele pode ser fazê-la feliz mas antes ele tem que ser feliz, é uma troca, é um acordo, é uma vida.
Ele então vai ao outro extremo do quarto e pega uma manta bordada e colorida, tem o cheiro dela.
Ele caminha lentamente e a abraça colocando a manta sobre seu corpo delicado e trêmulo.
Ela sente um alívio e se aconchega nos braços do seu amor, ele então começa a chorar novamente, um choro intenso de liberdade, um choro de alívio, um choro não de tristeza mas de alegria.
Ele então a vira e os dois ficam cara a cara. Nos olhos estão as mil palavras a serem ditas que a boca não quer falar, palavras de dor, de ódio, do tipo que magoa, do tipo que redime, do tipo que ama, palavras de amor.
Então o sol testemunha o beijo puro e singelo de dois amantes, de dois estranhos, de dois amigos, de dois cúmplices, de um casal. Então aos poucos o sol vai indo embora deixando de iluminar aquele canto tão singelo, o quarto, o quarto onde vive a paz e a discórdia, o quarto vive reina amor e ódio mas principalmente o quarto onde vive a esperança de que tudo vai ser diferente pra finalmente ser feliz.

Não foi possivel postar fotos, fica pra amanhã ok????????

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