segunda-feira, outubro 24, 2011

Figurinha repetida não completa a coleção?


A máxima é essencialmente masculina (ou machista): figurinha repetida não completa coleção. Em rodinhas de homens, a frase sempre pipoca quando o assunto são as ex-namoradas ou ex-mulheres. Eles, geralmente, acham desperdício ficar ou investir novamente num relacionamento com algum affair do passado.

"Remember" pra eles, nem pensar.

E agora, adivinha quem também aderiu essa "regrinha" moderna? As mulheres. E a razão se baseia numa palavrinha corriqueira: a competição. "A partir da emancipação da mulher, da sua conquista de espaço social e profissional, muitas passaram a reproduzir comportamentos e atitudes próprias dos homens, como a competitividade. E elas podem buscar outras ‘figurinhas’ para completar o próprio álbum numa tentativa de se autoafirmarem diante de outras mulheres", diz o psicólogo Paulo G. P. Tessarioli, especialista em sexualidade humana.

A dificuldade, no nosso caso, é que as mulheres estão mais sujeitas às pressões e apelos sociais do que os homens. "Mulheres que tem muitos parceiros, ‘ficantes’ ou namorados, passam a ter um ‘currículo’ relacional pouco valorizado. Este perfil, socialmente falando, é menos aceito ou até mesmo reprovável para mulheres", analisa Paulo.

"A questão de investir na mesma pessoa, depende do nível de sintonia entre o casal e do amor já construído. Se você, junto com essa 'figurinha', construiu uma relação positiva, com certeza valerá apostar na relação.

Porém, se construiu algo duvidoso, cheio de dores, posse e mágoas, não vale a pena continuar ou insistir", sugere Cláudya Toledo, conhecida como terapeuta do amor e autora de livros como "Manual da Cara-metade" (Editora Globo).

Mas às vezes, investir num relacionamento com ex-marido ou namorado pode não ser tão simples quanto parece. "É preciso analisar os objetivos. Virar amante da pessoa amada, com a ilusão de não se afastar completamente, é uma decisão perigosa. Ela impede o luto da separação e pode prolongar o sofrimento", diz o psicólogo.

Em outro caso, quando a relação com o ex era ruim e agora há a ilusão de dias melhores, há o risco de uma situação mal resolvida vir à tona a qualquer momento. "Neste caso, a ajuda de um profissional especialista em psicoterapia de casais pode ser útil para auxiliar nos ajustes necessários para que a relação prospere ou até para mostrar que o mais acertado é mesmo a separação. Muitas vezes, alimentando a esperança de ‘mais uma chance’
desperdiçamos uma boa oportunidade de colocar fim numa relação de tortura e sofrimento", pondera o especialista.

Claudya lembra que se a pessoa já estava numa relação emocionalmente abalada e cheia de armadilhas, com certeza, vai reviver o filme. "É preciso mudar e transformar positivamente a relação. O amor traz em si a possibilidade de mudanças, porém é preciso ter consciêcia de tudo isso. Devemos nos unir pela consciência ao invés de nos separar pela ignorância", sugere.

As armadilhas emocionais desse tipo de situação são veladas, mas perigosas.
Na hora do "revival" é preciso identificar se a situação é motivada por carência ou se trata de padrão repetitivo de relacionamento. "Esta situação pode denunciar que alguém (ou até mesmo os dois envolvidos) é dependente de afeto e não sabe. Com ajuda profissional, geralmente de um psicólogo especialista em dependência, é possível compreender o que está acontecendo e até desenvolver uma percepção mais favorável das situações em que o afeto está envolvido", finaliza Paulo. Se recordar é viver, aposte nas boas lembranças. Cheio ou não, o álbum só tem a agradecer...

Por Sabrina Passos (MBPress)

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