sexta-feira, novembro 19, 2010

Descubra porque e quem são as pessoas que não pensam em sexo


Por Ale Ougata

"Não perco meu tempo pensando em sexo", foi com esta frase que T., carioca, frequentadora das areias de Ipanema, de 24 anos, iniciou sua conversa com o Terra. Embora ainda que colocasse a condição de não ter nem seu nome e foto divulgadas, a jovem não se intimidou ao encarar o assunto na tentativa de mostrar que "se há tanta diversidade sexual e as pessoas têm lutado por isso, por que não dar visibilidade e respeitar aqueles que optaram por serem assexuadas?".

Engana-se quem pensa que os assexuados não sentem desejos. "No meu caso, canalizo esta energia para outras atividades. Acho um desperdício esta troca de fluídos entre duas ou mais pessoas", diz L., 27, paulistano, jornalista, não-virgem e que afirmou já ter participado de sexo grupal. "Foi este um dos motivos que me levaram a abandonar o sexo. Era uma entrega enorme, um desgaste. Terminava o ato exaurido. Quero envolvimento emocional", disse.

Este grupo parece ir contra a corrente mundial de valorização e incentivo do sexo. Enquanto a indústria farmacêutica investe milhões em medicamentos que afloram o apetite sexual, ícones do pop não param de fazer performances provocantes, os assexuados ignoram esta tendência. "Querem nos converter, como se fossemos um antisseita", afirmou T., que nunca fez sexo e acha que nunca o fará. "Posso ter filhos, não meus. Mas, tenho todas as condições de criar e educar uma criança". Perguntada se ela conseguiria imaginar um mundo de pessoas que não têm o sexo como prioridade ou mesmo como um atividade comum, T disse que "seria impossível". "Nunca seremos maioria. Mas se não ajudamos na procriação da espécie também não contribuímos para a disseminação de doenças".

Alguns dados da Organização Mundial de Saúde mostram que 7% das mulheres e 2,5% dos homens vivem sem copular. "Tudo está muito sexualizado. Assumir uma atitude contra é muito dura ainda mais em uma sociedade ritualística como a nossa que tem o sexo como rito de passagem", disse L..

O blog A² AssexualidadeArromantismo, que prega a não-prática, é incisivo: "quase todos os produtos da nossa sociedade usam o sexo em algum aspecto." O blog defende veemente a "pureza", alegando que "até comerciais de colchão usam sexo para vender. É um ciclo vicioso, impessoal e incontrolável. Na prática, tudo se transforma numa grande pressão inconsciente sobre nós, e por nós me refiro a todas as pessoas. Então, oprimidos por vocês que não sabemos a origem e não sabemos suas formas, somos acuados e fragilizados". Os redatores do blog, anônimos, afirmam que no caso do rito de passagem, "a pessoa idealiza o sexo como um obstáculo que acontecerá imaginando isso acontecer três vezes ao dia, todos os dias durante quase toda a vida." E questiona se "o valor do desejo sexual realmente existe ou ele é uma projeção de algum outro problema". E se a vida é cheia de escolhas, que cada um seja feliz com a sua.

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