quinta-feira, novembro 04, 2010

NÓS HOMENS SOMOS COVARDES, NÃO ACEITAMOS COMPARAÇÕES NEM COMPETIÇÕES. DE RESTO, BELEZA.

Tirado do Blog Gravatai Merengue

Não sou muito fã do 'Dia Internacional da Mulher', e gosto menos ainda de enaltecimentos gratuitos das moças, que em muitos casos é feito mais por puxa-saquismo do que por reflexões verdadeiras.

Também não gosto dessas coisas politicamente corretas, que quase sempre são mini-ordenamentos com eufemismos e toda sorte de paliativos. Isso não quer dizer, também, que compactue com a empáfia dos que também são simplórios na hora de negar o 'politicamente correto'.

É deplorável o teatro de aparências, a adoção de termos paliativos, a troca de nomenclaturas. Todos vigiando as formas e ignorando os conteúdos. Mas também é ruim quando a condenação sistemática da postura abarca também a verdadeira exclusão/opressão de determinado grupo.

Feitas as ressalvas, elogio agora as mulheres. Acreditem ou não, este texto seria publicado independentemente da comemoração do dia de hoje, pois resulta de uma conversa que rolou ontem no almoço.

Sempre fico sabendo do Dia da Mulher exatamente quando ele chega (o mesmo, aliás, acontece com o aniversário de todo mundo, com exceção daqueles com perfil no orkut, cujo sistema de alertas tem feito muito pela minha vida social).

Vamos ao verdadeiro tema do texto, estou enrolando pra diabo.

As mulheres competem entre si, e isso é sempre visto como algo negativo. De fato, é tão ruim que elas próprias em muitos casos dizem preferir os amigos homens.

Homens não competem. Não é que competem menos, eles simplesmente não competem. Há ensaios de competição que duram o tempo da conquista. Depois que 'pegam' a mulher, eles se protegem por meio das regras sociais machistas, para que a possam preservá-la por quanto tempo quiserem.

As mulheres não contam com o mesmo benefício normativo.

Nenhum círculo aceita o homem que rouba a mulher de outro. Ele é visto como um traidor em qualquer esfera. Ele é um pária, um eterno exilado. É um criminoso em fuga permanente, que precisa esconder esse esqueleto no armário para poder ser aceito em algum grupo.

Mulher que rouba o marido de outra? Normalíssimo. Obviamente, a que perdeu ficará bem ressentida. Mas a sociedade aceita normalmente.

Determina Javé (ou a Autora Javista), por meio de um dos Dez Mandamentos, que não devemos cobiçar a mulher do próximo. Mas nada foi dito quanto a cobiçar o homem da próxima. E não pensem que a cultura grega seja diferente (ou que sejam diversas também as culturas asiáticas, africanas etc... as mulheres sempre estão em desvantagem quanto às regrinhas sociais).

O homem que trai é aceito de forma até ridícula, com direito a casos e casos em que filhos apóiam pais traidores. São os machos se entendendo. A mulher, por sua vez, não pode trair. Se trair, será estigmatizada; não mais confiarão na pobre coitada para um relacionamento mais sério.

Os homens não competem. Os homens são covardes. Os homens usam as regras sociais se manter em segurança num relacionamento, para evitar a competição e, até mesmo, a comparação. Não toleram nada disso.

Nós homens somos mesmo criaturas bem mesquinhas, e juro que aqui não há a mínima dose de humor (salvo a tragicomédia existencial da coisa).

Aquilo que se identifica como corporativismo masculino (suposto mecanismo natural de proteção pelo qual os homens sempre se ajudam e raramente puxam os tapetes dos outros) é uma ilusão.

Ilusão teórica, pois não há corporativismo, colaboração etc., mas somente autoproteção. E ilusão prática, pois os homens são bem safados quando a sociedade não está de olho em seu comportamento. Na primeira oportunidade, vão atrás da mulher dos outros.

A ridícula competição masculina se dá somente durante a conquista. Dali em diante, ela acaba. Em verdade, não há tanto uma coisa de ser melhor que o outro (embora isso exista, claro), mas sim uma busca de destaque (seja estético, financeiro etc).

As mulheres competem entre si durante todo o tempo, ainda que estejam em um relacionamento sério. É comum que digam, mesmo (talvez principalmente) depois de casadas: "vou me cuidar, se não ele me troca por uma gostosa".

Os homens, embora talvez tenham esse receio, ainda se sentem covardemente protegidos pela regra social. Sabem que provavelmente existem uns e outros interessados em sua mulher, mas não há tantos assim querendo algo além do sexo.

E é no sentido inverso que vai a lógica da competição feminina; ou seja, elas têm medo de que, usando o sexo como atrativo, alguma rival conquiste o coração de seu homem. E por isso competem. Há resultados trágicos por conta disso, mas também um constante "aperfeiçoamento".

Os homens usam o amor como atrativo, mas querem sexo; as mulheres fazem o contrário, usam o sexo mas querem um homem para amá-las e lhes dar guarida. É ridículo, mas em muitos casos é a pura verdade. E essa 'pura verdade' (sabida pelas duas partes) faz com que o jogo seja jogado desse jeito.

Os homens se "aprimoram" apenas até conquistar a mulher. Daí em diante, definham ao ponto de se tornar uns trastes (coisa que, em verdade, sempre foram). Essa mudança no comportamento masculino é folclórica e inegável.

Depois, quando novamente solteiros, voltam a ser aquelas criaturas dotadas exclusivamente de virtudes (que se tornarão os velhos vícios de sempre tão logo a conquista se efetive e passe o tempo necessário para consolidar a nova relação).

Não sou tão partidário assim da tese de que os homens são mais amigos entre si, enquanto as mulheres puxam os tapetes das outras. Não só porque é um estereótipo simplista e equivocado, mas porque a 'amizade masculina' muitas vezes é somente manifestação coletiva de instinto de autopreservação social.

Um respeita a mulher do outro; o outro respeita a mulher do um. É a Lei. Intimamente, pode-se até desejar a mulher do outro, a Lei é para o caso prático. Ela faz com que os homens se protejam de 'desgraças' como comparação ou competição.

As mulheres não participam desse pacto. E por isso são forçadas a jamais deixar a peteca cair. O 'mundo machista' é, obviamente, um universo de regras que protegem a comodidade masculina. E só.

Por tudo isso, é preciso abandonar os estereótipos na hora de analisar alguns comportamentos clássicos femininos equivocadamente vistos como deploráveis. O mundo é feito para os homens, para a segurança dos homens.

E não por isso que se deva bancar o bonitão, dando uma de "super seguro de si". Porque as Leis, por óbvio, também são quebradas. Elas existem, elas protegem, elas dão segurança, mas há quem rasgue o código de conduta. E não são poucos.

Mas o negócio é tapar o sol com a peneira. Afinal, um dos artigos dessas estranhas normas é aquele que diz: 'o que os olhos não vêem, o coração não sente', ou outro - que todos fingimos não existir: 'sabemos que existem desejos, o importante é não fazer, nem dizer nada'.

Somos um primor.

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