O Mário eu conheci em São Paulo em 1997 eu acho, eu tinha acabado de entrar na faculdade de engenharia FEI e na minha sala tinha um guria muito linda. A principio ela não tinha falado nada que tinha namorado, me tratava super bem e inclusive dava uma moralzinha.
Um dia ela me apresentou o Mário, mas não disse este é meu namorado ou coisa parecida, ou seja, ela era uma safadinha....rs...de verdade.
Logo depois disso continue minha amizade com ela mas era nítido que o Mário não gostava de mim, tinha ciúmes, o que nos fez trocar pouquissimas palavras neste tempo.
Em 2000 eu vim pra Santa Catarina, abandonei tudo em São Paulo e vim parar em Joinville transferido para a Udesc. Eu estava fazendo engenharia elétrica e um dia ao andar pelos corredores da facu encontrei o Mário, nem pude acreditar, pensei que fosse alguém parecido mas o abordei e vi que era ele mesmo. Ele havia acabado de chegar em Santa Catarina e estava morando em um hotel, estava totalmente perdido e não tinha nem lugar pra morar. Então eu lhe disse que morava num conjunto de apartamentos para estudante e que tinha vaga. Na mesma hora o Mário foi comigo até lá, olhou os apartamentos e a tarde já havia fechado com a imobiliaria, no dia seguinte estavamos morando no mesmo condominio.
Todos ali já se conheciam e logo ele se enturmou com o pessoal, foi comprando móveis e tudo o mais e já foi fazendo parte do nosso dia a dia.
Mas o Mário tinha um problema, ele bebia demais, era alcólatra e isso o prejudicava muito. Todos nós o apoiavamos muito e cuidavamos dele mas infelizmente ele tinha esse problema.
Uma vez fomos a uma danceteria e ele bebeu demais, ele apagou no balcão e ficou dormindo lá por umas 3 horas...sem se mexer, ao final carregamos ele pra casa. Era comum ele perder celular, chave, volta e meia sumia e aparecia as vezes esfolado sem nem saber o que havia acontecido. Teve outra vez que ele deixou o celular e a carteira no congelador, ele nunca lembrava como tinha conseguido fazer tal façanha.
Mesmo com esse problema ele era uma pessoa de coração enorme, te ajudava na hora que fosse, pela bebida ganhou o apelido de Etílico que levava numa boa. Um dia encontrei ele no bar da faculdade bêbado, chamei ele pra ir pra casa e pegamos o onibus, eu iria descer no centro mas ele ficaria no ponto perto da nossa casa. Dentro do onibus eu já estava rindo das bobeiras que ele estava falando, chamou toda a atenção do onibus. Quando parou no ponto pra ele descer, ao invés de ele ir degrau por degrau ele resolveu pular, nesse mesmo instante estava vindo um rapaz de bicicleta, o Mário pulou do alto das escada do onibus no exato momento que a bicicleta estava passando, foram os dois rolando no chão. Eu não aguentava de rir, fui rindo até o centro dentro do onibus e todo mundo olhando pra minha cara de bobo.
Eu tinha um escritorio de representação e havia programado uma viagem de uma semana por algumas cidades na região, o Mário foi comigo. Passamos ótimos momentos e nos divertimos bastante, ele até se comportou na bebida, enfim um grande cara.
Ele tinha atritos constantes com a familia por conta da bebida e de perder dinheiro, celular etc.... a mãe dele vinha visitar sempre ele e acabei por conhecer uma senhora maravilhosa, ainda mantenho contato com ela e a irmã dele.
Ele então decidiu mudar pra Blumenau, tinha cansado de engenharia civil e iria fazer Quimica, como na Udesc não tinha ele foi pra Blumenau cursar. Visitei o Mário umas duas vezes e fiquei no apartamento dele. Almoçamos, saimos a noite nessas vezes e tinhamos bastante contato. Toda vez q eu ia a trabalho pra blumenau eu ligava pra ele e faziamos alguma coisa. Ele ainda lutava com a bebida e volta e meia tinha suas crises.
O Mário falava direto comigo pelo msn, praticamente todo dia. Lembro que uma semana eu estava cheio de trabalho e ele veio falar comigo e ele não parava de falar e falar, eu não conseguia trabalhar direito, dai eu disse, Mário, daqui a duas semanas eu vou pra Blumenau dai a gente conversa e meio que dei um corte nele, e foi.....
.....que o Gustavo amigo nosso ao pegar o jornal local viu no relato de acidentes a morte por atropelamento de um tal Mário Joaquim do Carmo. O cara havia atropelado, fugido mas depois havia sido pego em casa.
Ficamos brancos, será? poderia haver em Blumenau outro Mário? Liguei pra mãe dele que confirmou a noticia, era o nosso Mário.
Ele foi com alguns amigos no mercado comprar carne pra fazer um churrasco, ao atravessar a rua na faixa um carro passou direto o sinal e atropelou ele e depois fugiu. O Mário era o último da fila, os amigos dele escaparam ilesos.
A mãe dele me ligou logo depois algumas vezes, não pudemos ir ao enterro porque logo que ele saiu do IML já foi transferido de avião pra Sorocaba, terra natal dele. Ela tinha me dito o quanto ele gostava de mim e o quanto ele falava que eu tentava ajudar e todos os outros amigos entre eles o Murillo que morou com ele e como ele era grato pela nossa amizade.
Ela disse que uma semana antes ele ligou pra familia pedindo desculpas por ser irresponsável e que ele queria mudar, todos que ele havia brigado ele fez as pazes, entre eles o pai.
O Mário se foi, naquela semana fiquei triste e desolado mas parecia que não era verdade tudo aquilo, não chorei, mas lembro que dois ou três meses depois eu me peguei lembrando dele e chorei copiozamente de soluçar horrores por umas 5 horas seguidas....não tinha mais nem força de tanto chorar.
Fiquei pensando na maldade de cortar ele uma semana antes de morrer, de não ter falado pra ele o quanto eu amava ele como irmão e como eu era grato por tudo que ele me ajudou, fiquei pensando que poderia ter insistido mais pra ele não beber, ter feito algo a mais...... foi um choque, todos pensavamos que ele morreria bêbado num acidente ou de cirrose ou qualquer coisa, menos por uma estupidez daquela. Na semana seguinte eu iria visitá-lo, não deu mais tempo. Ano passado encontrei nas minhas coisas uma carta dele pros pais, ele havia escrito na viagem e acabou ficando jogado em documentos meus, scaneei e mandei pra mãe dele, era uma carta sincera, tocante.
Queria ter tido tempo pra dizer tantas coisas pro Mário, queria ter tido tempo pra ajudar ele a parar de beber, queria ter tido tempo pra ser amigo.....não deu.....
Por isso......
Não deixe de dizer hoje o quanto ama alguém, amanhã pode ser tarde demais.
Mario de joelhos fingindo ser o baixnho de uma propaganda
sexta-feira, março 18, 2011
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