Por Gravatai Merengue
(nota: não concordo com algumas coisas deste escritor, mas segue seu texto na integra)
A leitora Tarsila, comentando o último post, suscitou uma questão importante que não poderia ser encerrada apenas ali, na caixinha de comentários. E vale um texto exclusivo para tratar da máxima, do mito, da velha conhecida historinha da divisão entre mulheres "para comer" e "para namorar".
Antes, o óbvio: não quero fingir aqui desconhecer a idéia central da pergunta, ou a tradição conservadora da coisa toda. Claro que há muita gente, homens e mulheres, ainda com a cabeça no século retrasado, fazendo essas distinções estapafúrdias com base em premissas morais pra lá de hipócritas. Este texto, porém, é baseado no mundo em que vivemos, na realidade atual e no cotidiano das criaturas desenvolvidas. Belezura? Então vamoquevamo.
Muitas vezes, as pessoas deixam bem claro aquilo que querem, não cabendo à outra parte a prerrogativa de separá-las em grupos, pois a decisão já está tomada. Uma garota pode chegar dizendo que não aceita nada, exceto relação estável e, desse modo, não faria sentido qualificá-la como "para comer". Ok, o camarada pode iludi-la e acabar apenas trepando, mas não houve qualquer tipo de divisão quanto a este ou aquele grupo - rolou o velho truque sujo de prometer relacionamento para conseguir enfurnar o robalo, coisa de moleque.
E há, é claro, o lado oposto: garotas decidem apenas transar, sem qualquer vínculo mais sério. Nesse caso, também não faz qualquer sentido as colocar no grupo "para namoro". A decisão de querer única e exclusivamente trepar é delas próprias - mesmo que, em algumas ocasiões, o sexo casual se transforme em relacionamento. Ah, sim: os exemplos valem para homens e mulheres.
Mas vamos ao caso do título do texto, a velha queixa das meninas. Homens que separam mulheres nos dois grupos clássicos "para comer" ou "para namorar". Isso acontece, mesmo? Em caso positivo, como surge essa qualificação? Como é feita a divisão? Há preconceito, maldade, sacanagem ou o quê? E quem toma a iniciativa? A ver...
Trarei três casos hipotéticos a vocês, mulheres, e espero que respondam com sinceridade. Primeiro, um rapaz trabalhador e com vida profissional estável e bem sucedida, velho conhecido, bonito, inteligente e de vida sentimental razoável, sem promiscuidade. Vocês têm atração por esse camarada, que ainda por cima é bem educado. Se, de repente, rola um clima, a primeira idéia - e reitero o pedido de sinceridade - é a de sexo frenético ou de investir numa relação?
Segundo caso: viagem apenas com amigas, surge um cara muito bonito, todo gostosão, não muito inteligente, você mal sabe o que faz da vida, ele visivelmente dá bola para você e já dispensou duas ou três garotas. Vem em sua direção e começa a jogar conversinha. Sua idéia, assim de início, caso tenha algo com ele, é no sentido de uma relação séria ou apenas passar a noite, sexo casual, algo do tipo?
E o terceiro, que desempata. Um velho conhecido da turma, também bem sucedido, também bonitinho, você paga pau tal e coisa. Mas ele é o maior putanheiro, sai com tudo que é garota etc. etc. etc. O duro é que você gosta do cara, tem tesão nele, mas não assume e nem se sente tão confortável com tal cafajeste despertando sua libido. Até que, num belo dia, numa dessas festas, acaba bebendo mais do que devia e se vê num papo "amigável" com o cara, ambos meio de fogo. Que tipo de desfecho imagina para isso, na hipótese de acabarem se pegando? Namoro? Casamento? Ou uma ficada, trepada casual ou coisa do tipo?
Pois é...
O que isso significa? Simples: não são preconceitos nem discriminações morais ou hipócritas, como já houve em tempos idos (questionando roupas, modo de falar etc.). Trata-se, aqui, de vários fatores contextuais - e boa parte deles dizem respeito às decisões DA OUTRA PESSOA. O sujeito da praia, é verdade, faz parecer que somos preconceituosos. Mas e o amigo que GOSTA DE PUTARIA? Não é você que não quer namorá-lo ou o joga na bacia dos "para comer", mas ele que escolheu e gosta desse estilo de vida.
Basta pegar os três casos hipotéticos, portanto, e os transferir ao mundo masculino, usando mulheres como exemplos. Nos dias de hoje, é exatamente assim que tudo acontece. Essa separação em "para namorar" ou "para comer", usando como premissa a escolha feita pelos homens como se todos fossem machistas truculentos, convenhamos, é muito mais um mito - sobretudo atualmente.
E, de mais a mais, sentimento não é algo que se possa escolher. Ninguém decide quem será o grande amor de nossa vida.
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Um comentário:
Vai aqui a minha opinião como mulher, acho que todas (os) são para comer e para namorar, tudo depende do dia e da forma como as coisas acontecem...não dá pra prever o futuro de uma forma tão radical! Abç!
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