Com a facilidade no acesso à informação, muita coisa que antes ficava velada ou nem era comentada agora vira tema recorrente. O sexo, por exemplo, passou das conversinhas e burburinhos à overdose de dados com ajuda da internet e da televisão.
Aí, as perguntas que surgiam apenas depois dos 14, 15 anos, já pipocam bem antes.Com tanto apelo por parte de todas as mídias, são os pais que precisam mudar de estratégia. Esconder um assunto ou mentir não funciona mais, já que no primeiro clique é possível elucidar qualquer questão. O problema é saber como fazer. Sem ter passado pela mesma situação quando crianças, pais e mães precisam aprender como lidar com o tema sexo dentro de casa.
Uma das sugestões da professora Rejane Façanha, psicopedagoga e especialista em educação sexual, é respeitar a idade na hora de apresentar as respostas. Mas, mais do que isso, é preciso se mostrar aberto às possíveis dúvidas que os filhos tiverem - para que eles venham perguntar em casa (e não recorram ao computador, por exemplo). "Com esta abertura os pais criam maior proximidade com seus filhos, facilitando a orientação durante a adolescência e prevenindo agravantes da falta de informação, inclusive situações de abuso sexual e gravidez indesejada", ressalta.
A mídia (e a escola) trata do tema quase sem tabu hoje - mesmo que muitas vezes superficialmente. Mas em casa, a coisa ainda é complicada. Vale então a dica de Rejane para que o diálogo comece ainda na infância. "A abertura logo cedo facilita a naturalidade da abordagem, como um processo comum", afirma. Dessa forma fica mais fácil questionar e introduzir valores. "Os pais precisam saber que a educação sexual de seus filhos não é uma questão separada da educação como um todo e que ela começa quando o filho nasce. Dedicar-se a ela quando os filhos são adolescentes pode ser tarde demais".
Uma boa forma de entrar no assunto em casa e a partir de alguma cena ou exemplo, pode ser de filme ou novela, e aí sim, questionar a temática. Quem se considera totalmente inseguro para tratar do assunto precisa ir atrás de informação também, em livros e revistas. Mas, em situações delicadas e perguntinhas "indiscretas", o que fazer? Rejane alerta que mentir e disfarçar não são atitudes indicadas.
Observe antes de onde vem a pergunta e restrinja-se a ela para, a partir daí, progredir com base no que a criança conhece. "É muito importante que a ela encontre as respostas em casa e que tenha este canal com a família. Se não tiver seu questionamento respondido em casa, irá buscar outras fontes como informação e estas nem sempre são as mais aconselháveis".
O que os pais precisam deixar de lado é seu próprio tabu de que conversar sobre o assunto pode estimular a prática. "Educação sexual transmite informações seguras para a formação do indivíduo e contribui para uma geração mais consciente, tanto do seu corpo quanto dos seus limites", alerta Rejane. Então, faz parte da formação como cidadão e a conscientização sobre o próprio corpo, limites, riscos e até valores. Um estudo da Organização Mundial da Saúde revela, inclusive, que as crianças que passaram por educação afetivo-sexual tendem a ter relações mais tarde.
Por Sabrina Passos (MBPress)
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