quinta-feira, junho 28, 2012

Você está vivendo a crise dos 30?


Você está vivendo a crise dos 30?
Vivemos todos, na verdade, a era da insatisfação. A crise do vazio inexplicável! Em princípio, isso é ruim, mas também pode ser bom! Acontece que a aceleração no ritmo de vida é geral, e inclui as cobranças, as pressões e a tão recorrente quanto fantasiosa expectativa de perfeição - o que, inevitavelmente, nos conduz à frustração!

Justamente por se tratar de um sentimento nada prazeroso e que incomoda, termina sendo o foco de percepção de muitos. O alvo de seus questionamentos! E curiosamente, por volta dos 30 anos, muitas pessoas têm a impressão de que uma voz dispara dentro delas a exigir reflexões sem nem dar-lhes tempo de se perguntar se são mesmo necessárias e coerentes com sua essência!

Aos que já alcançaram as principais metas traçadas para suas vidas, tais como carro, casa, casamento, filhos e certa estabilidade, a incansável voz parece vir direto dos versos da música Ouro de Tolo, do lendário Raul Seixas: "(...) Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado (...)". Daí para começar a se rotular ou ser rotulado como insatisfeito, ingrato, ganancioso, reclamão, entre outros afins, é um pulo!

Aos que, pelo contrário, se sentem distantes da realização de seus principais sonhos, sem ainda ter conquistado seu carro, sua casa ou um relacionamento satisfatório e filhos, a voz se torna impiedosa, torturadora! Se a pessoa se deixar dominar por ela, sem tomar as rédeas de sua vida e decidir conduzi-la de forma prática e realista, a sensação de incompetência pode sufocá-la, minar suas forças e torná-la cega para suas próprias qualidades, destruindo sua autoestima.

Olha que interessante! Independentemente da situação de cada um, parece que as crises pessoais, sejam elas justificadas pela idade, pelas condições financeiras, pelo sucesso profissional, pelos relacionamentos amorosos (ou a falta deles) ou pelo fato de já ter tido ou não filhos, têm muito mais a ver com o modo como cada um consegue se organizar internamente do que com os fatos propriamente ditos.

Ah! Mas isso quer dizer, então, Rosana, que o certo é cada um se conformar com o que é e o que tem e parar de se cobrar pelo que ainda não é e pelo que ainda não tem? Eu diria que o segredo para menos frustração e mais motivação não é, absolutamente, o conformismo, mas sim aprender a viver o presente sabendo para qual direção você deseja seguir, onde pretende chegar e, sobretudo, tendo claro quais são os passos, um a um, que você precisa dar para chegar lá! Sem esquecer de usufruir deles como enredo do único filme no qual você é protagonista.

E se sua maior frustração refere-se aos relacionamentos, arrisco-me a dizer que, nos últimos 50 anos, evoluímos de modo impressionante nas áreas da comunicação, da medicina e da tecnologia - e este é o lado bom dessa era atual à qual me referi no início do texto. Entretanto, somente agora, olhando para os lados, temos nos dado conta de que de nada adianta aumentar a vida em tempo, mas reduzi-la em significado, atenção, gentileza e afeto.

Por exemplo, quando criamos modernas intervenções cirúrgicas, mas perdemos a chance de caminhar pela praia, em silêncio, de mãos dadas com quem amamos; quando criamos redes sociais e celulares para facilitar a comunicação com as pessoas, mas nos esquecemos de escutá-las de verdade, tentando nos colocar no lugar delas e compreender o que estão sentindo; enfim, toda vez que priorizamos o acúmulo de mais coisas do que realmente necessitamos em vez de investir nossa energia amorosa no complexo e mágico exercício de viver, um dia de cada vez, o resultado que obtemos recebe alguns nomes que certamente você já ouviu: ansiedade, estresse, depressão, solidão, pânico, tédio, entre outros semelhantes.

Portanto, se você acredita que entrou em crise, seja dos 30, dos 40 ou de que número for, e se está se sentindo perdido, sem saber qual a medida certa para se autorizar a começar a ser feliz, minha sugestão é para que você se sente num lugar tranquilo, relaxe o corpo, entre em contato com sua alma, com o melhor que existe em você, e pergunte-se (podendo escrever as respostas num papel para possibilitar uma posterior autoanálise): o que você realmente quer para sua vida? Quais são seus sonhos e desejos mais genuínos? Se a única regra fosse agradar a si mesmo, desde que sem desrespeitar o outro e sem agir de modo irresponsável, claro, o que você gostaria de viver? O que precisa fazer, quais atitudes precisa tomar para conseguir realizar tudo isso, passo a passo, lembrando de colocar datas razoáveis para essas metas?

Por fim, lembre-se de que ninguém tem todas as respostas. E que boa parte da vida vai se revelando no momento exato em que estamos prontos para compreendê-la. E que se você acha que uns conseguem e você não, talvez este seja um convite da vida para que você comece a tomar decisões e atitudes diferentes a fim de obter resultados diferentes!

Afinal de contas, afirmam os grandes mestres: é no âmago de uma crise que nascem as ideias que transformam para sempre a história da humanidade!

Por Rosana Braga

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