segunda-feira, outubro 01, 2012

3 dias

- Não pode ser doutor, não é possível, o sr tem certeza que este exame está correto?

Oliver não podia se conter em tanta tristeza e desespero, sentia que ia explodir, poderia ouvir tudo menos que iria morrer.

- oliver, eu sei que é difícil pra você neste momento, não gostaria de dar essa noticia pra vc mas conferimos o exame 4 vezes, infelizmente é verdade.

Oliver sentiu que o chão saiu de seus pés, parecia afundar num abismo sem saída e que nem adiantava gritar, não tinha reação pra mais nada, somente lágrimas poderiam rolar agora por sua face.

O Doutor Marcos saiu da sala e sem dizer uma palavra deixou Oliver a sós, uma única batidinha nos ombros de Oliver já foram mais do que suficientes pra ele entender o momento tão delicado que estava passando.

Ficou ali quieto, ouvindo o som do silêncio, não que ele tenha som, mas parecia que não ouvia mais nada, só as batidas do coração lentamente num pulso rítmico. Então olhou para o alto e excalmou:

- Por quê?

Foram suas únicas palavras proferidas com o Deus que a muito não conversava, de que havia esquecido e que naquele momento de dor se lembrava meio que recorrendo a uma chama de esperança que a tanto tempo ele havia esquecido.

Passaram alguns minutos, se recompôs, levantou da cadeira e olhou no espelho da sala como estava sua aparência, depois juntou suas coisas e caminhou pelo corredor do hospital em direção ao seu carro, alheio a qualquer coisa ao seu redor, somente passos lentos. No carro antes de ligar a chave expressou toda sua raiva num grito desesperado acompanhado de uma grande surra no volante que chegava a tremer o carro todo. Novamente se debruçou e ficou ali, parado.

Ligou o carro e a caminho de casa somente observou, não sabe como chegou ao portão, só sabia que havia chegado.

Refez sua rotina noturna como sempre, banho, dentes, mas não comeu nada dessa vez, não tinha fome. Também não ligou a televisão, não queria nenhum barulho atrapalhando mais ainda seus pensamentos, queria silêncio e paz, queria apenas dormir.

Deitou-se olhando para o teto, como se atravessasse a parede e pudesse olhar o céu. Queria conversar com Deus, queria gritar com Ele e expressar toda a sua raiva, mas ao mesmo tempo tinha vergonha por te-lo abandonado, sentia que não tinha nenhum direito a qualquer reclamação uma vez que houvera decidido viver por conta esquecendo de tudo e da sua fé do passado, queria tudo, mas não o fez, por vergonha.

Sua mente estava trabalhando a ciclos intermináveis por segundo, seus pensamentos iam e voltavam muito antes de concluir uma pequena idéia.

 

Por André Lenz

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