domingo, janeiro 20, 2013

Imensidão do Mar

Vazio aqui dentro tão grande, que parece uma enorme praia deserta à beira de um tsunami e por mais que tente espremer essa imensidão num mundinho, às vezes é difícil.

Engraçado o que a vida faz com a gente. Cheia de altos e baixos parecendo mais maré indo e vindo conforme a lua. Algo sem sentido e sem explicação que só nós mesmos podemos sentir e ninguém mais. Cada um sabe o tamanho da sua dor.

Tantos sentimentos, tantas preocupações, tanta responsabilidade que, às vezes, parece que me perco na minha própria vida e fico horas tentando achar a mim mesmo sem sucesso, sem ao menos ter uma pista de onde eu possa ter ido. Sem ouvir ao menos a minha própria voz chamando por socorro, nem um sussurro, nem um suspiro, apenas o absoluto silêncio.

Coração bate, bate forte, bate fraco. Ou às vezes, parece até que para de bater. Parece que em alguns momentos algo sufoca e o calor da vida se vai e o frio gelado que o pega de surpresa se espalha deixando tudo parado no tempo, que insiste em não passar e com isso, o que resta é apenas vagar e andar por aí. Mas onde estou?

Olho por detrás da árvore, detrás do muro ou ali naquele quartinho escuro com o chão coberto de lágrimas dos tempos passados e vou seguindo. Busco por mim mesmo e às vezes, penso não estar perdido, ou às vezes, ajudo-me a me esconder mais ainda, perdendo-me em meu próprio eu. E assim segue, assim continua e assim o fim fica cada vez mais perdido entre seu próprio tempo.

Não sei até quando vai a dor. Nem sei se ainda sinto dor, nem sei se sinto alguma coisa e quando penso, esmago tal sentir em pesos e toneladas.

A vida machuca, a vida constrói, a vida ensina, a vida vem com a mão pesada e lhe bate tão forte na cara que as marcas ficam pra sempre. A vida faz um afago na sua cabeça, a vida é mãe, a vida é algo simples, nada mais nada menos do que uma simples "vida".

Tempo, vida, dor, muro, portas abertas, rosa, espinho e de tudo posso apenas tentar viver o hoje. Pensar que ainda levarei muitos tapas e receberei muitos afagos e mesmo assim, penso que nunca se deve desistir. Não podemos fechar nosso coração e sim abri-lo de uma forma linda, brilhante, cheia de luz resplandecente e aprender com todas as coisas, sejam elas pequenas ou grandes. E assim, quando um dia chegar, olhar aquele mesmo mar imenso, dessa vez calmo, sereno, num céu coberto de estrelas e ver que valeu a pena e então sentir um leve calorzinho no que chamamos de coração e ver que enfim vivemos uma vida inteira não vazia, mas plena.

Por André Lenz

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