sexta-feira, janeiro 25, 2013

O Som do Silêncio

Por André Lenz

Não ouço nada, nenhum barulho, nenhum som. Ouço apenas o silêncio. Estou com um pouco de medo mas mesmo assim, eu pego uma vela e saio de casa. Passo a passo vou andando em volta da casa para ver se encontro um alguém, um nada.

Vejo uma pequena luz no bosque, ali a uns dez metros. Me assusto, paro e fico tomado por uma indecisão. Que nada! Vou atrás.

Meus passos quebram pequenos galhos que estão no chão fazendo um estalo que ecoa no meio das copas das árvores. É um absoluto silêncio, um silêncio que chega até a ser doentio.
Vejo que a luz se afasta à medida que chego perto. Aperto meu passo e ouço os estalos dos galhos e folhas quebrando a minha frente. Corro mais ainda.

Corro, corro, corro… não paro de correr. No caminho, vou desviando das árvores que vão surgindo muito rapidamente. A essa altura, a vela já está completamente derretida na minha mão, minha roupa está cheia de gotas de vela. O escuro é tanto que já nem sei mais onde estou. Só sei que estou correndo, correndo atrás da luz, uma luz única, forte, linda.

Tento olhar para trás e quando viro pra frente dou de cara com uma árvore. Sinto o sangue escorrer pela minha face, sinto um calafrio e um medo domina o meu ser. Fico ali, parado no meio do nada, olho pro alto e nem consigo ver as estrelas, pois as copas das árvores cobrem toda minha visão.

Grito por alguém, mas não tenho nenhuma resposta. Grito novamente, mas grito forte, tão forte que meus pulmões parecem que vão estourar. Nada.

O sangue continua a descer pelo meu rosto e agora até minha roupa já está encharcada de sangue, esse sangue que limpa minha alma.

Não tenho saída, não tenho o que fazer. Estou ali, sozinho, no escuro entregue aos mais maléficos pensamentos. Então me deito. Deito e olho pra cima, num cantinho consigo ver por entre as árvores e a luz de uma estrela aparece, uma única estrela linda e brilhante. Aquela estrela me consola, me anima, me faz querer não desistir, me redime. A noite continua a cair no mais absoluto silêncio, no mais absoluto breu.

Aos poucos a paisagem vai se modificando, o sol dá as caras em pequenos raios que vão invadindo aquela floresta, aquele refúgio. Agora eu consigo enxergar, consigo ver o que está ao meu redor, mas não sei onde estou. Estou perdido.

Então começo a procurar o caminho. Saio correndo pela floresta mas não consigo achar nada e ninguém. Já estou muito cansado, meu corpo está dolorido e estou fraco, pois já perdi muito sangue, não aguento mais.

Encontro uma clareira, já está para anoitecer. Então deito ali em cima de um tapete de folhas e me entrego. Entrego-me para a lua e para as estrelas, para aquela floresta e pra tudo ao meu redor. Apenas me entrego.

Agora meu corpo já cansado, só espera pelo seu último suspiro, pela sua última dose de esperança para que então seja imortalizado por aquela floresta que o consumiu juntamente com a sua alma.

Nenhum comentário: