quinta-feira, janeiro 24, 2013

QUEM AMA, MOSTRA!

QUEM AMA, MOSTRA!
Falar nem sempre é fácil – verdade seja dita. Mas difícil mesmo é fazer. E fazer com constância e coerência. É mostrar, por meio de atitudes, escolhas e comportamentos, que as palavras ditas não estão vazias. Ao contrário, estão endossadas pelo que é palpável, visível e constatável. Sim, estou falando de amor.

Sei que muitos defendem a ideia de que o amor é imponderável e que, mesmo quando não é demonstrado, deve ser considerado como real e válido. Concordo apenas em partes. Na verdade, depende do motivo pelo qual ele não é expresso. Porque, em última instância, aposto todas as minhas fichas na crença de que amar é, sobretudo, um verbo de ação.

Claro que declarações verbais de amor são sempre bem-vindas. Longe de mim afirmar que elas não têm seu valor. Tem – e dos grandes. É, sem dúvida, muito bom ouvir a pessoa amada relembrando-nos o que sente de bom. É saudável e prazeroso se sentir amado por todos os sentidos, de todas as maneiras.

O que estou querendo defender é o fato de que amor é um pacote, um conjunto de fatores que vai além de palavras. É preciso amar e mostrar! Porque de amores que a gente não vê o mundo está cheio. Sim, de amores que podem ser vistos também está, felizmente. Mas precisamos mostrar mais, especialmente para aqueles que amamos mais de perto!

Porque amar de longe também é bem mais fácil. Não inclui as irritações e as impaciências próprias da convivência, da rotina, das diferenças. Não inclui os impulsos viscerais, contato, corpos ocupando o mesmo espaço físico. Fica mais na poesia, no “pode vir a ser”, na expectativa do encontro. Fica mais no nível do platônico. Não é exatamente um exercício, senão o da espera.

Quando proponho mostrar o amor, estou sugerindo exercitá-lo mesmo! O que faz quem ama? Como se comporta um amante? Está sempre mal humorado e impaciente? Vive pronto para criticar, julgar e condenar? É focado nas limitações e nos enganos de quem ama? Privilegia o silêncio de quem se ausenta e a distância de quem não se importa? Recusa-se à intimidade?

Esta não parece uma boa descrição de alguém que diz que ama, não é? E por que será que, ainda assim, tantas pessoas não se cansam de repetir “eu te amo” enquanto, ao mesmo tempo, mantém exatamente esse tipo de comportamento?

Rainer Rilke escreveu algo que, em algum nível, responde minha pergunta: “Amar outro ser humano é talvez a tarefa mais difícil que a nós foi confiada, a tarefa definitiva, a prova e o teste finais; a obra para a qual todas as outras não passam de mera preparação” .

Isto é, precisamos primeiro aprender, mas infelizmente não se ensina a amar nas escolas, embora devesse ser disciplina obrigatória, em minha opinião. E depois de aprendidos alguns importantes conceitos, depois de compartilhadas profundas experiências, sob a supervisão de quem se especializou no assunto, seria absolutamente interessante que se estimulasse o treino.

Como fazer diante de um desentendimento? Conversando. Ouvindo o outro. Ponderando sobre os diferentes pontos de vista. Como lidar com sentimentos como ciúme e insegurança? Olhando para dentro, refletindo sobre como se sente em relação a si mesmo e o que pode ser feito para lapidar essa autoimagem. Como perdoar? Reconhecendo as próprias dificuldades, os próprios erros, considerando o que realmente importa: se é estar com a razão ou amar um pouco além.

Enfim, treinar, treinar, treinar. Treinamento é o caminho para o desenvolvimento e, por fim, para a excelência, inclusive do amor. Portanto, da próxima vez que se sentir inspirado a contar à pessoa amada o que você sente por ela, que tal acrescentar às palavras uma atitude que mostre?

Por Rosana Braga

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