domingo, janeiro 06, 2013

Sentimento



Por André Lenz

Sentado agora em meu escritório fico aqui preso a meus próprios sentimentos e angústias. A luz apagada deixa somente o monitor clarear o meu rosto enquanto escrevo estas palavras.
Fecho suavemente meus olhos, relaxo meu corpo e naquele momento eu sinto uma pequena paz.
Essa paz é passageira, momentânea, uma paz que me faz bem por alguns segundos e logo depois me entrega a momentos de angústia e aperto.
Meu coração não está vazio, minha mente está brigando com ele a cada momento tentando dominá-lo de todas as formas, mas ele não se deixa dominar, ele brinca, ele ri, ele faz o que ele quiser. Minha angústia se transforma em uma súplica, talvez não, mas o que eu realmente queria era poder controlar meu coração e guiá-lo no caminho que eu quisesse.
Os minutos passam e a cada pensar minha cabeça se mistura com pensamentos racionais ao mesmo tempo em que minhas emoções afloram e deixam meus sentidos muito mais sensíveis que o normal. Nisso uma vontade de chorar toma conta do meu corpo e tento segurar as lágrimas que já descem pela minha face e encontram seu fim em minhas mãos
que tentam enxugá-las.
Meu coração se aperta e me vem à tona tudo que me fez chegar a esse ponto. Tudo que me comoveu, tudo que me fez olhar pra você e lhe enxergar com os olhos do amor. Tento escrever mas não consigo.... minhas mãos estão trêmulas diante de um sentimento que não posso controlar e que me deixa louco por estar sendo manipulado por tal.
Quero ter controle do que sinto, quero escolher e decidir o que sinto, quero controlar meu coração, mas não posso.
Minha mente tenta me reerguer, tenta levantar a minha cabeça e me fazer olhar pra frente. Lembro do jeito que você me olhava, lembro do carinho que você me permitiu fazer e
que correspondeu. De olhar fundo nos seus olhos e descobrir a sua mais profunda intimidade. Lembro da rosa que eu lhe dei, lembro de você.
Nesse momento tudo que mais queria era tirar você do pensamento. A xícara de café já está fria, e como eu gostaria que meu coração estivesse também.
Paro e respiro... olho para fora e está muito escuro. A chuva
bate aos poucos na janela fazendo aquele barulho característico que vai me relaxando. Aqui nesta sala estou protegido. Estou protegido da chuva, estou protegido do seu olhar, do seu corpo, estou protegido de você e acho que vou ficar por aqui porque não quero sofrer.
O telefone toca e eu não atendo. Ele chama por mim mas me deixa apreensivo, e se for você? Talvez não fosse, mas nesse momento nada mais importa porque eu quero apenas ficar sozinho.
Meu coração vai ficando mais calmo e aos poucos vou retomando meu controle. As lágrimas dão lugar a soluços de consolo. Meus olhos estão ficando pesados. Então me levanto e me dirijo ao meu quarto.
A televisão está ligada, mas está sem som. O barulho da chuva batendo na janela me distrai. Deito e relaxo. Olho para o alto e penso em tudo o que estou sentindo e com isso vou adormecendo.
É melhor ficar aqui. Estou aquecido e mesmo não estando em seus braços, eu estou protegido em meu canto, esse meu único canto que me dá a paz.
A noite não acabou, e quando o dia vier tomara que ele traga um novo sentimento.

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