terça-feira, abril 02, 2013

Amigos solteiros x Amigos casados


Se você tem a intenção de se casar na igreja católica, vai ter de fazer um curso de noivos. É obrigatório, não tem como fugir. Cada igreja faz o seu da maneira que acha melhor. Alguns duram algumas horas, outros alguns dias.
Passei o último sábado e domingo em um desses cursos. Além de várias palestras,  foram feitos pequenos grupos para discutir temas específicos. E, para o meu total desespero, também tivemos dinâmicas de grupo com encenações (!).
As palestras abordavam temas como o amor conjugal, sexualidade e planejamento familiar. Os palestrantes não eram especialistas em cada assunto, e sim casais que vivem a experiência do casamento há bastante tempo. Algumas foram boas, outras não. Na hora do teatro, como tenho uma vasta experiência em interpretar arbustos – adquirida em qualquer tipo de encenação que já tive de fazer na vida – não me sai tão mal no meu papel de entrar muda e sair calada do palco. Mas o ponto alto do curso foi o momento de discutir assuntos pré-determinados em pequenos grupos. Um dos temas sugeridos era comentar aquilo que te incomodava na relação. Uma menina levantou a mão:
-         O que me incomoda na nossa relação são os amigos solteiros dele. Já pedi para ele deixar de sair com eles, mas até agora ele não parou. Espero que isso mude com o casamento.
Para o meu espanto, 95% dos casais que estavam no grupo concordaram com a garota. Para eles, amigos solteiros são má companhia, má influência, uma classe que deve ser exterminada do convívio a partir do momento que a casal decide juntar os trapinhos.
Quer dizer que minha amiga de infância, que me acompanhou a vida toda e em quem confio totalmente se transforma em uma ameaça assim que eu colocar uma aliança no dedo? Acho que não. E os amigos que convidam meu namorado para sair? Entre uma cerveja e outra estariam tentando convencê-lo de que a vida de solteiro é sensacional e que ele deveria terminar comigo?  Também acho que não.
Muitos desses amigos estavam na minha vida antes de eu começar a namorar. E o mesmo acontece com os amigos do meu namorado. Seria absurdo e egoísta que um dos dois exigisse esse afastamento usando como argumento o status de relacionamento dessas pessoas. Pouco importa se são casados, solteiros, enrolados ou amantes de alguém. Importam as histórias que temos juntos, as lembranças e o ombro amigo, que sempre esteve ali, independente de qualquer coisa.
Não entendo essa necessidade de impor regras e achar que isso pode impedir alguma coisa de acontecer. Seu marido ou esposa pode conhecer alguém em um bar com os amigos tanto quanto na fila da padaria, ou no ponto de ônibus. São coisas da vida. E a não ser que você tranque a pessoa em casa e a amarre ao pé da cama, isso pode acontecer a qualquer momento. É um risco que todos nós corremos.
Se eu fosse o namorado dessa moça, pensaria mil vezes antes de trocar boas amizades por um relacionamento autoritário. Algo me diz que as chances de isso dar certo são muito poucas.
Por Natália Spinacé

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