domingo, fevereiro 06, 2011

Capitulo 3


Uma buzina. Gabriel está esperando Júlia na frente do prédio onde ela mora. De repente na porta de vidro surge Júlia, linda, nem deveria de estar desse jeito. Entra no carro e dirige sua boca em direção da boca de Gabriel, ele então vira o rosto e o beijo pega na bochecha raspando no cantinho do lábio. O trajeto todo é feito em silêncio, Júlia não consegue esconder em suas feições a decepção que sentiu com a ignorada de Gabriel, mas ela não desiste. O manobrista está levando o carro no momento em que os dois estão de pé, em frente ao restaurante. Júlia então segura a mão de Gabriel tão rápido que ele não consegue desviar, tudo bem, entram de mãos dadas até a mesa, uma no canto, perto da janela que dá pra rua. Júlia possui um cinismo inacreditável, depois de tudo que aconteceu ela ainda olha pra Gabriel com aquela cara de anjo, a mesma que enganou ele quando se conheceram, quem a vê pensa que ela chegou ontem da viagem em prol dos refugiados ou então da comunidade solidária mundial, enfim, ninguém conhece o seu interior e é lá que mora o perigo.
- Gabriel espero que hoje a gente consiga se entender de uma vez por todas, vamos parar de brigar e voltar tudo ao normal! O diálogo vai acontecendo durante o jantar, aliás, a única coisa boa da noite era a comida.
- Júlia, eu já te disse, pra mim chega, o que quero de você é apenas amizade, depois de tudo que aconteceu você acha que sobrou algum sentimento por você?
- Mas e nossos momentos bons? Tudo de bom que passamos juntos? E essas coisas bobas não são suficientes pra mancharem toda uma relação.
- O quê, responde Gabriel em tom de indiguinação, você acha que agredir a minha secretária no meu ambiente de trabalho é uma coisa boba? Onde você estava com a cabeça pra fazer isso ou então pra entrar no meu apartamento e quebrar tudo? Você é doente!!! Nisso as mesas já fuxicam baixinho sobre o casal que está brigando perto da janela.
- Fiz isso tudo porque gosto de você, eu te amo Gabriel, diz Júlia em tom apelativo com lágrimas falsas nos olhos, você sabe que eu faria de tudo por você, que quero que a gente fique junto novamente.
- Entende uma coisa, eu não quero mais nada com você, eu não preciso desse amor apelativo e possessivo seu, e tem mais, diz Gabriel apontando o dedo em direção a Júlia, me arrependo muito de ter te conhecido, nunca imaginei que você fosse essa louca que é...
- Cretino!! Diz Júlia se levantando e jogando toda sua bebida na cara de Gabriel. Todos no restaurante ficam em silêncio observando o papelão proporcionado pelos dois. Júlia então diz:
- Você vai se arrepender de ter terminado comigo, diz ela em um tom de ameaça, a se vai!
- Com certeza Júlia, já me arrependo desde agora! Diz Gabriel em tom de deboche. Nisso ela caminha em direção a rua, bate a porta com violência e entra num táxi que sai cantado pneu! Ele fica ali, parado, pega um guardanapo e seca seu rosto, nisso a garçonete chega com um pano e tenta secar o blazer dele. Os funcionários ajeitam a mesa e limpam toda aquela bagunça. Então como se nada tivesse acontecido Gabriel diz para a garçonete:
- Traz outro desse pra mim? Está delicioso! Ele sempre foi uma pessoa calma, a única coisa que o tirava do sério ultimamente era a insistência de Julia naquela relação, lógico que o cachorro da vizinha também tirava ele do sério mas pelo menos o cachorro não jogava bebida na cara dele. Após o jantar ele tira sua roupa e leva pra lavanderia, a Bernô, apelido carinhoso para Dona Bernadete sua empregada, iria lavar sua roupa amanhã! Pega o telefone e disca:
- Tiago?
- Fala rapaz, tudo ok?
- Meu vc nem imagina o barraco que a Júlia aprontou no restaurante. Do outro lado do telefone risadas!
- Sério, pergunta pro Jancloude, ele ficou besta com tudo aquilo, espero que ele ainda me deixe jantar lá depois daquele barraco. Mas e você? Quais são as novidades?
Nisso a conversa se estendeu por uma hora, Tiago é o melhor amigo de Gabriel, os dois se conhecem quase que a vida inteira e além de amigos são clumpices e confidentes. Já aprontaram muito por essa vida e a amizade nunca estremeceu, só pequenas discussões envolvendo futilidades como musicas e suas rimas e outras bobeiras. Desliga o telefone, então ele se ajeita no sofá e com a televisão ligada ele adormece.

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