terça-feira, fevereiro 15, 2011
Escolha o Perdão.
Por José Maria Barbosa
Estejam prontos a perdoar os outros como Deus os perdoou por causa de Cristo. Efésios 4:32, Phillips
Em 1944, os nazistas tomaram como prisioneiro um promissor jovem arquiteto chamado Simon Wiesenthal. Ele presenciou como os soldados nazistas raptaram sua mãe e assassinaram sua avó em casa. Ao todo, 89 parentes dele morreram nas mãos dos nazistas.
Ele estava no campo de concentração em Maunthasen, Áustria, fazendo o trabalho de limpeza no hospital improvisado, quando um dia um soldado nazista, já moribundo, pediu para falar com um judeu.
No fim da tarde, uma enfermeira perguntou para Wiesenthal: “O senhor é judeu?” “Sim”, respondeu ele. “Acompanhe-me”, disse ela.
Assustado, ele a acompanhou até uma sala escura e úmida. Ali estava um soldado nazista que mais lembrava uma múmia, cheio de bandagens, mostrando apenas o nariz e as orelhas. A enfermeira os deixou a sós. O soldado então agarrou o pulso de Wiesenthal e sussurrou: “Meu nome é Karl.” E contou como em retaliação pela morte de 30 soldados nazistas numa mina enterrada, sua unidade juntara 300 judeus em uma casa de três andares na cidade de Dnopropetrovsk, Ucrânia, derramou gasolina e ateou fogo. Os soldados de Karl cercavam a casa e atiravam nos judeus que saltavam pela janela para escapar das chamas.
“Foi horrível”, disse Karl. “Eu vi um homem com uma criança nos braços; suas roupas estavam em chamas. Ao seu lado, sem dúvida, estava a mãe da criança. Ele pulou pela janela com o filho. Em seguida, pulou a mãe. De outras janelas, corpos em chamas caíam e nós atirávamos neles.”
Karl explicou por que havia solicitado a visita. “Eu sei que o que vou pedir é muito para você. Mas sem sua resposta eu não posso morrer em paz.”
Então o soldado perguntou: “O senhor me perdoa pelo que eu fiz?”
Wiesenthal permaneceu silencioso e se retirou da sala sem dizer uma palavra. Anos depois, ao escrever seu livro O Girassol, colocou no fim dele uma pergunta: “Você que acabou de ler este episódio, coloque-se em meu lugar: O que você teria feito?”
Perdoar é uma decisão dolorosa e difícil. Quanto mais profundas são as feridas, mais tempo necessitam para sarar. Mas não perdoar amarra você ao passado. Por isso, a melhor escolha – em primeiro lugar, para seu bem, e depois para o bem do culpado – é perdoar. Nesse processo, somente a intervenção da graça de Deus dará palavras apropriadas ao ofensor e coração terno ao ofendido.
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